São mais de 52.600 os eleitores que no domingo vão ser chamados às urnas para escolher o novo presidente da Câmara de Pombal. No boletim de voto vão encontrar oito candidatos, com destaque para o regresso de Narciso Mota, agora como candidato independente, em ruptura total com o PSD, partido pelo qual liderou o município durante cinco mandatos, ou seja, 20 anos.
Em vésperas do acto eleitoral, ninguém arrisca em prever o resultado final da votação de domingo. Há quem aposte numa vitória do movimento Narciso Mota – Pombal Humano, que assim derrotará o seu antigo vice-presidente Diogo Mateus, que se recandidata a um segundo mandato pelo PSD, mas também há quem diga que o PSD sairá vencedor deitando por terra o objectivo de Narciso Mota, embora fique a governar sem maioria absoluta.
Narciso Mota, que apresentou candidaturas a todos os órgãos autárquicos com excepção para a freguesia de Vila Cã, fez uma campanha focada no contacto directo com a população, visitando também instituições e algumas empresas. A “onda azul” percorreu todas as freguesias do concelho com entusiasmo e com alguns momentos de animação, sobretudo ao som do hino de campanha, com uma música a lembrar os arraiais populares. Apesar de movimento independente, os “humanos” apresentaram uma organização muito superior a algumas forças políticas concorrentes e com longo historial de campanhas.
Por sua vez, a “onda laranja” do PSD andou na rua nas últimas semanas sem grande aparato e entusiasmo. Passando a mensagem que estavam “no rumo da maioria absoluta”, a candidatura optou pela imagem do partido, através de renovação de imagens de outdoors, colocação de lonas de grandes dimensões, e de manter a presença de um camião de grandes dimensões, que sempre foi uma tradição das campanhas desde 1993, mas desta vez sem Narciso Mota, que também surgiu na última semana de campanha com um camião, juntando-se a uma carrinha de mercadorias.
Diogo Mateus percorreu todas as freguesias, visitando instituições, associações, empresas, estabelecimentos comerciais, entre outros. No entanto, não contou com o entusiasmo habitual dos “jotas” nem de grandes comitivas de apoiantes. Por outro lado, chamou por duas vezes o líder nacional do partido ao concelho. A primeira para participar na Festa da Ribeira, que assinalou a rentrée política do partido no concelho, e duas semanas depois para visitar a Feira Nacional de Artesanato, onde jantou nas tasquinhas.
Com a vontade de ser eleito para “poder funcionar como o garante da governação”, surge Sidónio Santos, candidato à Câmara pelo CDS-PP. O actual director regional adjunto da Agricultura e Pescas do Centro, natural da localidade do Pinheirinho, que é também o líder concelhio do partido, orgulha-se de apresentar uma “dinâmica diferente” e de apresentar candidatos jovens a todas as freguesias do concelho. Sidónio Santos, que chegou a contar com o apoio da presidente do partido Assunção Cristas na primeira semana de campanha, está convicto que o CDS-PP aumentará a representatividade nos diversos órgãos autárquicos a que concorre, bem como a possibilidade de conquistar algumas juntas ao PSD.
Despercebida e mais humilde foi a campanha eleitoral do Partido Socialista, principal partido da oposição. A aposta recaiu em Jorge Claro, que há quatro anos foi número dois de Adelino Mendes, que acabou por abandonar o executivo desde que foi para um cargo governamental, apesar de nunca ter renunciado ao mandato. Sem qualquer aparato, e discreto, Jorge Claro dedicou as duas semanas de campanha para contactar directamente com os munícipes, fazendo-se acompanhar por alguns dos elementos da sua lista. Há quem afirme que a campanha do PS não foi notada, chegando a desiludir alguns militantes e simpatizantes, até porque esperavam mais de um partido que poderia beneficiar do facto de estar a governar o país.
Depois de um interregno nas autárquicas, o Bloco de Esquerda voltou a fazer constar o seu nome nos boletins de voto, com a candidatura do jovem economista Gonçalo Pessa. Os bloquistas aproveitaram a campanha eleitoral para divulgar as cem propostas que inscreveram no seu programa eleitoral e para criticar a gestão municipal dos últimos anos da responsabilidade do PSD. Gonçalo Pessa nunca disse publicamente que estava a lutar pela sua eleição para a vereação, mas sim para a de Célia Cavalheiro para a Assembleia Municipal.
Um objectivo idêntico tem a CDU, que apostou nos mesmos protagonistas de há quatro anos, Fernando Domingues para a Câmara e Jorge Neves para a Assembleia. Os comunistas iniciaram o processo autárquico a deixar bem claro os seus objectivos: reeleger Jorge Neves para o “parlamento municipal” e, se possível, aumentar a representatividade. A coligação PCP/PEV optou por fazer uma campanha de contacto directo com a população.
Na corrida autárquica entrou, ainda, o independente Amílcar Malho. Um economista natural de Abiul e a residir em Lisboa, que curiosamente encabeça, também, a lista candidata à Assembleia Municipal. Acabou por surpreender todos ao conseguir o número de assinaturas suficientes para validar a candidatura “Independentes por Pombal”. Amílcar Malho tem feito uma campanha, quase sozinho, sem grande material de campanha, mas a percorrer todas as freguesias do concelho, apesar de não concorrer a nenhuma das 13 autarquias locais.
Com um objectivo muito claro de divulgar o Movimento Partido da Terra e de se dar a conhecer ao concelho, concorre com o técnico de emprego Pascoal Oliveira como candidato à Câmara. O MPT assume-se como um partido humanista e ecologista e apresenta, também, uma candidatura à Assembleia Municipal, liderada pela advogada Magda Ferreira.