Este texto foi escrito no dia 3 de Abril de 2014 e, devido ao falecimento do nosso mui querido e saudoso Bombeiro António Manuel Alexandre, foi substituido por um outro, em sua homenagem. Todavia, para tristeza minha, mantém-se actual. É de uma pobreza franciscana tantos sábios enganarem-se tanto. Os sábios do regime engaram-se e enganaram o nosso amigo Pedro Passos Coelho. Os sábios que já foram do regime dizem, agora, que os sábios do regime estão no caminho errado. Mas quando eram os sábios do regime faziam o mesmo que os sábios que são, agora, do regime fazem. E, uns e outros, não entendem que uma moeda tem que ter, sempre, a face e o seu verso equilibradas. E que os cidadãos são a razão de existência do Estado e não o seu contrário. Sabemos que os sábios têm uma inteligência superior à média da dos cidadãos comuns. Sabemos que estudaram em boas Faculdades. Mas também sabemos que nada aprenderam na Universidade da Vida. Jonh Kennedy afirmava: “Não perguntes o que é que o teu País pode por fazer por ti. Pergunta o que é que tu podes fazer pelo teu País”. Os nossos sábios devem ter interiorizado esta afirmação do Presidente dos Estados Unidos da América e levaram-na às últimas consequências. Conjugando a vida real com os estudos efectuados facilmente se conclui que estamos, mesmo, no mau caminho, independentemente do que uns sábios e os outros dizem, ou pensam, o que pode não ser a mesma coisa. Isto resulta da conjugação do saber fazer com o saber saber. Mas voltemos à moeda. Apesar de não estarmos certos que a face da moeda, a do lado do Estado, está bem arquitetada e consegue atingir os objectivos pretendidos, temos a certeza que no verso, do lado dos cidadãos, o escultor errou em toda a linha. O Estado continua a retirar dinheiro às pessoas e às empresas, sem fim à vista e sem se verem resultados, já que, a cada dia que passa, a dívida do Estado aumenta. Agora, os sábios dizem que a culpa é do grande endividamento do sector privado. Vá se lá entender isto. A pergunta que fazemos e que ninguém consegue responder é a de sabermos para onde é que está a ser canalizado o dinheiro que é retirado à economia doméstica. Sabemos, dos estudos, que está a ir para os mais ricos. Mas será somente esse o destino? Parece-nos que estamos todos a colocar o dinheiro num funil para encher não sabemos o quê. Sentimos que estamos em rota de colisão com o todo poderoso Estado. Quando se dará a colisão, não sabemos. Mas sabemos que não conseguimos calcular a parábola de segurança contra os mísseis do Estado. Para refrescarmos a mecânica diremos que a parábola de segurança é uma curva que calcula o espaço de protecção contra um projectil, tendo em conta o seu impulso e a força da gravidade. Agora, todos falam, sábios e não sábios, em dinamizar a economia, mas como, não dizem. Alguém é capaz de responder como é que a economia doméstica de bens transaccionáveis há de crescer se o Estado e o o sector financeiro continuam, alegremente, a retirar dinheiro da economia. Por favor, não deem, mas não retirem. Do Estado estamos falados. Tira cada vez mais e diz que não tira, mas tira e muito, para nos obrigar a colocar no funil. É um sufoco com tantos impostos e alguns a que chamam de solidariedade. Mas solidariedade para com quêm? O sector financeiro diz que está aberto ao financiamento às empresas, mas levanta tantos problemas burocráticos que, na prática, não abre coisíssima nehuma. Afirmam que são exigências do Banco de Portugal, regulador que não regula coisa nenhuma.
Limita-se a fazer estudos para a gaveta. É o Relatório da Primavera, do Verão, do Outono e do negro Inverno, projectando o futuro que nunca encontra. Nós dizemos que os bancários têm medo de perder o emprego e elevam à potência dez o cálculo de risco, à semelhança do Estado, sempre desconfiado do pobre cidadão pagante. O sector financeiro nem sempre foi assim. Durante anos a fio foi um mãos largas, e deu o que deu. Agora instalou-se o medo. Os valores por onde as nossas elites se regem estão invertidos. Assim, não vamos lá. Estamos numa guerra económica, mas sem estratégia e só com algumas tácticas.
Aniceto Afonso, no seu livro Grande Guerra, da colecção Grandes Batalhas da História de Portugal, escreve sobre Portugal, depois da 1ª Grande Guerra: “Só uma palavra define a situação portuguesa depois da guerra – crise, crise política, crise económica, financeira e social. No campo político, foi necessário não só substituir o governo sinodista, mas também enfrentar a oposição monárquica que tentou tomar o poder; no campo económico e financeiro eram necessárias novas políticas, que acabam por ser adiadas, com a necessidade de manter um aparelho produtivo obsoleto e incapaz de competir nas novas condições criadas pelo fim da guerra; na sociedade reina o desânimo, a descrença e a espera por uma solução radical que corresponda ao anseio por uma vida melhor”. A 4 anos do centenário da assinatura do Armistício, respigamos do livro que estamos a citar: “Entretanto, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Erzeberg, estava desde 7 de Novembro reunido com o marechal Foch e o almirante britânico Rosselyn Wemyes, a negociar os termos da capitulação alemã, em Rethondes, na floresta de Compiègnes. A 11 de Novembro de 1918, na carruagem que transportara Foch para a reunião era assinado o Armistício que punha fim ao conflito iniciado em Agosto de 1914, marcando o início de uma nova fase na história da Europa. A notícia, espalhada por todo o mundo, foi festejada como o fim de um longo e doloroso pesadelo, comungando as populações europeias de um enorme sentimento de alívio, alegria e esperança, bem patente nas grandes manifestações que se seguiram.” Estaremos nós em 1918 ou a 4 anos do centenário da assinatura do Armistício?
Mas que raio de 25 de Abril este que nos condena à pobreza, para todo o sempre.
Rodrigues Marques
(impresso na edição nº 30)