A taberna que já fazia falta

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Bem próximo de Pombal, há um local onde se alia a arte de bem comer ao espírito das antigas tabernas portuguesas.

“O conceito da Taberna do Zé Cristino é recuperar o espírito boémio do povo português fazendo com que estes saiam de casa para beber um copo, estar com os amigos e petiscar, num ambiente agradável, descontraído”, diz a mensagem promocional. Imbuídos do espírito de curiosidade, fomos conhecer o local.

Diz a morada que fica na Pederneira, um lugar da freguesia de Urqueira, no vizinho concelho de Ourém. Para quem mora em Pombal pode parecer um bicho-de-sete-cabeças, mas o destino revela-se, afinal, bem mais próximo do que seria de imaginar. Seguindo na estrada que liga Albergaria dos Doze a Caxarias, A Taberna Zé Cristino fica a um pulinho de distância, quase paredes meias, por assim dizer.

Um antigo edifício de dois pisos, datado de 1960, agora recuperado e pintado de amarelo, recebe-nos à chegada. Fica à beira da estrada principal que atravessa a aldeia da Pederneira, o que evita perdas de tempo por encruzilhadas desconhecidas.

Já lá dentro, descobrimos que a Taberna Zé Cristino é mais do que um espaço de bem comer e exímio na arte de receber. Aqui entra-se não apenas pelo prazer a que as papilas gustativas se entregam na hora das refeições ou tão-somente pelos petiscos que aconchegam o estômago entre dois dedos de conversa. A cada canto há objectos que contam histórias de um passado mais ou menos longínquo. “Fomos inclusivamente a antigas tabernas da zona que ainda tinham alguns produtos que gostávamos de ter aqui”, conta Pedro Gameiro, o jovem de 23 anos que embarcou nesta aventura com Joel Marques, de 40 anos. “Houve também casos em que antigos clientes desta taberna nos ofereceram produtos que aqui compraram, como é o caso de uma garrafa de Macieira ou alguns maços de tabaco, conhecidos como os ‘mata ratos’”, diz.

Mas não foi só nestes aspectos que os dois sócios quiseram manter-se fiéis às origens de um edifício que era propriedade do avô de Joel. As divisões originais, repartidas pelos dois pisos, foram todas aproveitadas e transformadas em salas de refeições. Há-as com mais ou com menos mesas, mais amplas ou mais selectivas, quase ao jeito de cada um.

Boa receptividade

Aberta desde Agosto, a Taberna Zé Cristino tem conquistado cada vez mais clientes, alguns de paragens bem longínquas. De terça a domingo, das 10h30 até perto da meia-noite, servem-se almoços, jantares e petiscos. As costeletas de vaca e as postas de bacalhau, ambas em tamanho “generoso”, não deixam ninguém indiferente. Se a opção for peixe fresco grelhado, o cardápio é também alargado.

Diariamente, o restaurante dispõe de um prato diferente na hora do almoço, mas, para além deste, há sempre uma grande variedade de peixe e carne prontos a grelhar. Basta olhar para o expositor e escolher o que lhe apetece. “É tudo feito a lenha, não usamos carvão”, revela Pedro Gameiro.

Entre os petiscos, há de tudo um pouco, desde os enchidos, feitos na aldeia, às morcelas de arroz, passando pelos camarões fritos ou cozidos, sem esquecer o presunto de pata negra. O objectivo é ir variando a oferta. Depois, há também algumas iguarias já com dias marcados. É o caso da caldeirada de peixe ao domingo ou do franguinho da Guia à terça-feira.

“É um espaço onde as pessoas vêm comer bem, mas com uma aposta nos sabores antigos”, explica Pedro Gameiro. O sócio deixa o desafio àqueles que não conhecem o a Taberna Zé Cristino para que passem por lá e tirem partido do espírito que lhe está subjacente.