O pombalense Adelino Gonçalves Mendes foi exonerado, esta quinta-feira, das funções de chefe do gabinete do secretário de Estado da Protecção Civil, a seu pedido, na sequência da constituição como arguido “em processo relativo à sua actividade profissional anterior”, anunciou o Ministério da Administração Interna.
Durante o dia, o nome de Adelino Mendes, ex-vereador da Câmara de Pombal e antigo dirigente concelhio do Partido Socialista, foi apontado como um dos alvos de uma operação desenvolvida pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC) da Polícia Judiciária, por suspeitas de fraude na obtenção de subsídios, fraude fiscal e branqueamento de capitais.
Segundo fonte da PJ, citada pela agência Lusa, terão sido realizadas 19 buscas em todo o país, adiantando que não terão sido efectuadas detenções, tendo sido apenas constituídos “cerca de dezena e meia de arguidos, podendo o número ainda aumentar”.
Na operação estão envolvidos cerca de 100 operacionais, entre os quais elementos da UNCC, da PJ do Porto, Faro e Lisboa e ainda três magistrados do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) e dois funcionários da Autoridade Tributária.
Os arguidos são acusados de falsificação de documentos, branqueamento de capitais e fraude fiscal na obtenção de subsídios europeus como o “Portugal 2020”. Segundo a RTP, os empresários tinham em curso um esquema que passava pela aplicação das verbas dos subsídios em fins que não os previstos. As verbas, que estavam destinadas a criar riqueza e gerar emprego em diversas áreas, terão sido utilizadas em carros de luxo e casas, de acordo com a TSF.
Como alvo das investigações estão negócios relacionados com tratamento de lixo e de resíduos hospitalares. Uma área onde Adelino Mendes, de 45 anos de idade, exerceu antes de ter sido nomeado para chefe de gabinete do então secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, e agora do secretário de Estado da Protecção Civil, José Artur Neves.
Entre 2011 e 2013, Adelino Mendes foi administrador da empresa Ambipombal, SA, tendo sido (de 2013 a 2014) assessor do conselho de administração da empresa Tecnorém, SA. Em 2015 passou a ser vice-presidente da Somos Ambiente, sediado na Chamusca. “Um agrupamento complementar de empresas que tem por objecto principal a construção e a exploração de um Centro Integrado de Valorização Energética, Reciclagem e Tratamento de Resíduos Hospitalares, Industriais e Animais (CIVTRHI), bem como a prestação de serviços nesta área de acordo com uma estratégia de eficácia e eficiência, privilegiando as melhores políticas de sustentabilidade ambiental”, como anunciado no sítio da empresa na Internet, onde consta, ainda, o nome de Adelino Mendes no cargo de vice-presidente.