O administrador executivo da empresa municipal PMUGest -Pombal Manutenção Urbana e Gestão esteve debaixo de fogo na reunião de Câmara de 30 de Agosto onde foi apreciado o relatório de execução orçamental relativo ao 1º semestre de 2019.
Manuel Carreira tentou, mas não conseguiu esclarecer cabalmente as questões do presidente e vereadores sobre a gestão da empresa que apresenta uma “clara degradação da situação económica.”
“A gestão da PMUGest não tem sido criteriosa, não tem sido de liderança, não tem sido de competência”, afirmou Narciso Mota, actual vereador (independente) da oposição que criou a empresa quando presidiu à autarquia. O autarca chegou mesmo a afirmar que “foi uma falha” ter contratado Manuel Carreira, antigo presidente da Junta de Freguesia do Carriço, para administrar a empresa, “por motivos que a razão conhece.”
Narciso Mota criticou o facto de o presidente do conselho de administração acumular o cargo com o de director-geral da escola profissional, e considerou que “a liderança tem muito que se diga.”
“Tem de ser com criatividade, com inovação, com motivação, com humildade que caracteriza os homens de grande valor e não com prepotência, não com sadismo, não com revanchismo, não com marginalização, mas sim com motivação e estímulo para a produção, e é isso que não existe actualmente na PMUGest”, afirmou, vincando que “não deve ser permitido que haja assédio moral, que é considerado crime.” “Por isso é que se desmotiva as pessoas, por isso vejo este descalabro nos últimos meses, e mais não digo”, disse.
Também o seu companheiro de bancada, Michael Mota António que, por várias vezes, tem feito considerações sobre a gestão da empresa nas reuniões do executivo, reafirmou que “neste momento a empresa não está bem, nem tem estado bem”, apontando o dedo ao seu administrador executivo de “ter sido mais um homem de terreno quando devia ser mais gestor”. “Quero é que as coisas corram bem e que se arrepie caminho”, frisou.
Por sua vez, a vereadora socialista, Odete Alves, realçou o facto de a PMUGest referir, no seu relatório, que “a não ser que sejam adoptadas medidas de carácter extraordinário”, o resultado líquido no final do ano ser “muito provavelmente negativo”. Ou seja, no 1º semestre de 2019 o resultado foi negativo em cerca de 35.700 euros, enquanto em período homólogo do ano passado, foi positivo em 29.800 euros, “sofrendo assim uma quebra ao nível dos resultados de 65.333 euros.”
No documento, a administração da empresa constituída por Jorge Vieira da Silva (presidente), Elisabete Gameiro João (administrador) e Manuel Carreira (administrador executivo) reconhece que “há uma clara degradação da situação económica da empresa, fruto de um aumento de vários gastos que não foram devidamente respaldados na actualização das tabelas de preços, originando que a empresa preste, em muitas circunstâncias, serviços abaixo do custo suportado com a execução dos mesmos”, dando como exemplo alguns serviços prestados para o município.
Uma observação que irritou, de certa forma, o presidente da Câmara Municipal. Diogo Mateus diz “sentir-se ofendido” com aquela referência, tendo criticado a administração de não ter conseguido apresentar uma actualização da tabela de preços capaz de ser aprovada pelo accionista (município).
Por outro lado, o autarca questionou a opção da administração em ter aumentado o número de colaboradores “quando as receitas são insuficientes para suportar a estrutura de custos.” “Portanto, baixaram a eficiência”, acusou, não tendo conseguido obter uma explicação esclarecedora por parte do administrador executivo.
“A empresa deve ganhar capacidade de negócio fora da esfera municipal”, defendeu o presidente da Câmara Municipal, referindo que essa “sempre foi a orientação do accionista.”
“Chega-se a um ponto em que a condescendência passa a ser burrice e passa rapidamente à irresponsabilidade”, afirmou o autarca social-democrata.