ALBERGARIA DOS DOZE | Populares dizem não à prospecção e pesquisa de caulinos

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A população aderiu em grande número a esta sessão, no centro Cultural Padre Petronilho

O que deveria ser uma sessão pública de esclarecimento promovida pela empresa Sorgila – Sociedade de Argilas, S.A., sobre o seu pedido de atribuição de direitos de prospecção e pesquisa de depósitos minerais de caulino na área denominada de “Portela 1”, quase que se converteu numa manifestação popular contra a exploração de caulinos. A sessão estava marcada para a sede da União de Freguesias de Santiago e São Simão de Litém e Albergaria dos Doze, em Albergaria dos Doze, mas a grande afluência de populares encheu rapidamente a sala. A solução encontrada foi a de realizar a sessão no Centro Cultural Padre Petronilho, com cerca de duas centenas de pessoas a assistir, mas sem equipamento de projecção que impediu a empresa de fazer a apresentação que pretendia.
A sessão iniciou-se com a declaração do engenheiro do ambiente da Sorgila de que “não estamos aqui para vos convencer de nada, mas sim para esclarecer mal-entendidos”. O técnico da empresa disse que o que está em causa neste momento é o pedido de prospecção e pesquisa e não de exploração (que acontecerá se nesta fase se concluir que há viabilidade). Acrescentou que entende o contexto local e a pressão a que as populações da zona estão sujeitas e ficou disponível para responder às questões que quisessem colocar. E cedo se percebeu que a tarefa não se adivinhava fácil. Todos os populares que falaram, mostraram-se contra as explorações na região e perante algumas respostas evasivas, os ânimos iam aquecendo. Mesmo assim, ficou esclarecido que a empresa não pode realizar trabalhos em terrenos privados sem o consentimento dos proprietários e que se estes não derem essa autorização, a pesquisa não poderá avançar. O técnico da Sorgila afirmou também que a empresa não tem quaisquer terrenos adquiridos naquela área, se bem que há populares que duvidem. “Vocês querem acabar com o nosso ar”, “se não têm terrenos aqui, porque é querem fazer cá os buraquitos?” ou “o que é que as pessoas têm a ganhar com a exploração?”, foram algumas das frases e questões ouvidas. O engenheiro do ambiente da Sorgila confirmou que a empresa fez vários pedidos de pesquisa e prospecção na região, mas que o objectivo não é ter várias explorações a laborar ao mesmo tempo. No caso da pesquisa apontar para a viabilidade da exploração, o processo volta ao início e terão de ser feitos novos pedidos e emitidos novos pareceres. Perante algumas críticas à posição da junta e da câmara, o presidente da União de Freguesias afirmou que a autarquia está ao lado das populações e completamente contra os pedidos. A câmara não esteve representada oficialmente, apesar de algumas técnicas estarem presentes mas remetidas ao silêncio.
A sessão terminou com muitas questões ainda no ar e sem que os populares se sentissem verdadeiramente esclarecidos. Mas houve uma frase que marcou esta parte final, quando um popular disse “a população esclarece a empresa que não quer a prospecção nem a exploração”.

*Notícia publicada na edição impressa de 12 de Dezembro