As caixas de Crédito Agrícola de Serras de Ansião e de Pombal estão a preparar um processo de fusão, o que deverá ocorrer durante este novo ano.
Uma fusão que surge por necessidade de as duas instituições bancárias “ganharem escala, responderem às exigências do regulador, partilharem os seus recursos, nomeadamente os humanos para melhor responderem aos desafios do presente e do futuro”, afirmam.
Através de um comunicado conjunto, os dois conselhos de administração referem que “desenha-se o nascimento de uma nova Caixa a partir das duas actualmente existentes, com uma nova denominação social e uma nova estrutura organizacional”.
No documento, é referido que as razões do projecto “assentam em duas vertentes: por um lado, o crescente nível de exigência em termos legais e organizacionais, nomeadamente o resultante de normativos emanados da Autoridade Bancária Europeia, do Banco de Portugal e da Caixa Central, com acréscimo de operações de reporte ao Regulador (e de acções de controlo interno e externo), coloca sérias dificuldades operacionais a instituições de crédito de natureza cooperativa e de cariz local e dimensão reduzida face ao que ocorre no resto do mercado bancário (onde a concentração vem sendo também o caminho – apesar de não serem dimensões comparáveis). Tem-se revelado difícil cumprir todos os requisitos exigidos, particularmente a segregação de funções, e ao mesmo tempo dedicar o tempo e a atenção necessários ao negócio, de modo a cumprir e se possível superar os objectivos. Contudo, assalta-nos a dúvida de razoabilidade das mesmas no contexto da proporcionalidade (prevista nos normativos) e especificidade organizacional do Crédito Agrícola”.
“Por outro lado, a união das duas Caixas Agrícolas permitirá uma melhor afectação de recursos, especialmente os humanos, às novas exigências do mercado bancário decorrentes, quer dos requisitos legais e prudenciais acima referidos, quer do momento histórico marcado pela redução das taxas de juro de referência a mínimos históricos, proporcionará também maior capacidade de intervenção no mercado, nomeadamente no sector empresarial, porque a união faz a força”, acrescenta.
Para os respectivos conselhos de administração, presididos por Ilídio Baptista (Ansião) e Diamantino Leal (Pombal), “o Crédito Agrícola ganhará maior capacidade de cumprir a sua missão no território das Terras de Sicó, continuando a distinguir-se como banca de proximidade”. “Dado que, apesar das alterações estatutárias e organizacionais previstas, o rosto do crédito agrícola nos nossos balcões continuará a ser o mesmo e as relações de confiança e proximidade com os sócios e clientes serão inalteradas e inalienáveis”, garantem.
No mesmo comunicado é referido, ainda, que o processo em curso “será presente às assembleias gerais de ambas as Caixas para ser submetido à sua apreciação e votação”. “Estima-se que possa ocorrer durante o ano de 2019, razão porque não foi, pelo menos para já, agendado o acto eleitoral que deveria ocorrer a curto prazo em ambas as Caixas, mantendo-se os actuais órgãos sociais em funções até à finalização de todos os procedimentos necessários”, informa.
Constituída em 1 de Maio de 1917, a Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Pombal, contabiliza mais de 16 mil associados e dispõe de 23 balcões situados nos concelhos de Pombal, Soure, Condeixa-a-Nova e Penela, depois de se ter fundido com a sua congénere de Soure. Em 2017, a instituição apresentou um resultado líquido superior a 3,3 milhões de euros.
Já a Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Serras de Ansião, constituída em 8 de Maio de 1992, conta com cerca de 1.300 associados e possui três balcões, em Ansião, Chão de Couce e Santiago da Guarda. No final de 2017 alcançou um resultado positivo de cerca de 205 mil euros.
“Com uma situação líquida superior a 80 milhões de euros e um activo na ordem dos 700 milhões de euros, a nova Caixa abrangerá os concelhos de Pombal, Ansião, Condeixa-a-Nova, Soure e Penela, resultando assim na maior Caixa Agrícola do país”, refere o comunicado conjunto.
Notícia publicada na edição de 03 de Janeiro