A antiga escola primária de Vermoil, onde outrora os alunos da freguesia aprendiam a ler e a escrever, ganhou uma nova vida. O edifício abriu portas à cultura, propondo continuar a transmitir conhecimentos, mas através do teatro, da música, de exposições, de workshops… O dia 25 de Novembro foi o primeiro da nova vida, cujo sucesso e longevidade só depende da população da freguesia e dos seus visitantes. Falamos da Escola Cultural, que vai ter um programa de actividades anual, onde as pessoas podem participar como visitantes ou promotoras de uma iniciativa.
“A ideia de melhorar a antiga escola primária de Vermoil, transformando-a num centro cultural” foi sugerida por Eugénia Mendes no mandato 2013-2017, quando a Junta de Vermoil era liderada por Ilídio da Mota e a Câmara de Pombal presidida por Diogo Mateus, contou o actual presidente da Junta, Daniel Ferreira.
O objectivo era proporcionar momentos de “convívio, principalmente às mulheres, que não conviviam entre elas”, recordou Eugénia Mendes, salientando que “o convívio que tinham era essencialmente a missa semanal”.
Para preencher essa lacuna de “interligação entre as mulheres” surgiu o programa sénior “Partilha de Saberes”, que agora funciona semanalmente num espaço com “melhores condições e todo o conforto”. Esse espaço é uma das salas da nova Escola Cultural, que também pode acolher “algumas exposições temporárias, pequenos espectáculos de teatro ou concertos, tudo de forma muito intimista”, explicou Daniel Ferreira.
O edifício da antiga escola dispõe ainda de mais quatro áreas, todas elas vocacionadas para potenciar a cultura na freguesia. A primeira é uma sala de formação, que está disponível para empresas ou associações da freguesia.
EDIFÍCIO REQUALIFICADO ACOLHE MUSEU JOÃO DE BARROS
Nas renovadas instalações há igualmente espaço para o Museu João de Barros, que antes estava localizado na antiga sede da Junta de Freguesia. A nova localização permite “introduzir várias melhorias neste museu, não só ao nível do seu acervo, como também ao nível de alguns apontamentos tecnológicos, de modo a permitir uma visita mais imersiva”, salientou o autarca de Vermoil.
Já o antigo refeitório da escola é agora “uma cozinha semi-industrial”, que pode ser utilizado para formações e workshops de culinária ou para “as nossas associações realizarem os seus eventos”.
A parte exterior é mais um espaço que fica ao dispor de todos, estando preparado para receber concursos de petanca, concentrações ou, simplesmente, servir de ponto de encontro para os diversos eventos da freguesia. Além disso, pode ser o ponto de partida para ir à descoberta do território. Afinal, a Junta pretende “criar dois ou três percursos pedestres, que terão início da Escola Cultural”, designadamente “o trilho João de Barros, o trilho das ruínas romanas e/ou o trilho do resineiro”.
De salientar que a Escola Cultural abriu portas a 25 de Novembro com um programa repleto de actividades, que durou três dias e incluiu “teatro, música, exposições, workshop, petanca, radiomodelismo e muito mais”.
E é “com todas estas vertentes que vamos desenvolver o plano anual da Escola Cultural, que pretendemos ter concluído até ao final do ano”, informou Daniel Ferreira, salientando que “toda esta actividade cultural carece de algum apoio financeiro”, nomeadamente do Município de Pombal, que já financiou a obra, cujo investimento ascendeu a 130 mil euros.
ALUNOS DO POLITÉCNICO DE LEIRIA AJUDAM A DINAMIZAR ESPAÇO
A inauguração ficou ainda marcada pela celebração de um protocolo entre a Junta de Vermoil e a Escola Superior de Educação e Ciências Sociais (ESECS) de Leiria. Esta parceria vai “permitir aos alunos daquela escola utilizar as instalações da Escola Cultural para desenvolver algumas das suas actividades culturais”, sublinhou o autarca.
“Queremos que as nossas formações abracem o território, se envolvam com a comunidade e dêem uma resposta capaz às suas necessidades”, destacou o director da ESECS, convicto de que “com esta aproximação com a comunidade podemos fazer muito mais” pelo território.
Pedro Morouço sublinhou ainda que “depende dos habitantes de Vermoil” a dinâmica deste espaço e a garantia de que não estará vazio daqui a dois anos. “Da nossa parte tudo faremos para que este seja um projecto com futuro, visão e estratégia de crescimento”, realçou.
“Estas obras são muito importantes”, uma vez que “contribuem para fortalecer as comunidades”, evidenciou o presidente da autarquia, desafiando os habitantes “de Vermoil e das freguesias vizinhas” a aproveitar este espaço, que “tem de ser vivido por todos”.
“Não tenho dúvidas que hoje o nosso concelho é mais rico e atractivo com esta iniciativa”, afirmou Pedro Pimpão, alegando que “a componente cultural é muito importante para fixar pessoas e diferenciar os territórios pela positiva”.
Carina Gonçalves | Jornalista
*Notícia publicada na edição impressa de 15 de Dezembro
Legenda: Vermoil distinguiu as três famílias “mais sustentáveis” da freguesia com a atribuição do Certificado Eco-Famílias XXI