A Assembleia de Freguesia de Vila Cã aprovou uma moção de censura que propõe o envio de uma “extensa lista de factos” ao Ministério Público, Polícia Judiciária e Inspecção-Geral de Finanças.
O documento, subscrito por todas as bancadas (Vila Cã à frente, PSD e CDS-PP) considera que tais factos, ocorridos “ao longo dos últimos anos” podem consubstanciar “a prática de ilícitos criminais”.
Em causa está a gestão dos dois últimos executivos da junta de freguesia, sob a presidência de Ana Tenente, reeleita há um ano pelo movimento independente “Vila Cã à frente”.
Na moção de censura, votada por voto secreto e aprovada com seis votos a favor e três contra, os autarcas realçam a “ausência de qualquer estratégia de desenvolvimento da freguesia, com uma clara falta de visão, planeamento e execução de medidas e/ ou projectos essenciais à freguesia, denotando-se um verdadeiro ‘desnorte’ na governação da autarquia”.
Destacam, também, o facto de a presidente da junta de freguesia ter sido condenada “pelo crime de ofensa à integridade física simples” contra uma funcionária da autarquia, “tendo durante a audiência de julgamento o Ministério Público requerido extracção de certidão com vista à investigação do crime de coacção agravada a funcionária, sobre outra funcionária da autarquia”.
Igualmente a “constante ausência de resposta da presidente da junta de freguesia, nas assembleias de freguesia, às questões suscitadas pelos membros desta, e nas questões suscitadas por escrito, sucessivamente respondidas fora de prazo”, assim como, a “ausência de critérios na contratação de pessoal, com sinais evidentes de má gestão”. Realçam “constantes incorrecções ao nível da prestação de conta, há vários anos”, que levaram a Assembleia de Freguesia a reprovar as contas relativas ao ano de 2107, “por apresentarem evidentes incongruências, nomeadamente ao apresentar várias rúbricas em que o valor aí aplicado teria sido exactamente igual ao valor previsto em sede de orçamento”.
Segundo a assembleia de freguesia, existe, ainda, uma “notória ausência de entendimento ao nível do executivo”, referindo-se às intervenções do secretário do executivo em recente sessão daquele órgão autárquico.
Na participação enviada às três entidades, os membros da assembleia de freguesia expõem “um conjunto de factos” que entendem ser de “especial relevância e gravidade”, considerando que “carecem de ser investigados”.
O nosso jornal tentou obter uma reacção por parte da presidente da junta de freguesia, Ana Tenente, mas tal não foi possível em tempo útil.