A Assembleia de Freguesia de Vila Cã vai exigir que a presidente da junta, a independente Ana Tenente, se demita das funções. Ou então irá requerer a sua “interdição imediata para o exercício do cargo”. A decisão foi tomada numa sessão extraordinária daquele órgão, realizada na noite desta quinta-feira (21 de Março), na qual a própria presidente esteve ausente por “uma quebra de tensão arterial”.
No final dos trabalhos, o secretário da junta de freguesia, Clément Santos Cruz, apresentou uma carta na qual comunicou a renúncia do cargo. O autarca considera que já não se identifica com o projecto liderado por Ana Tenente, e durante a sessão revelou algumas situações de divergências com os membros do executivo, designadamente o facto de a presidente não lhe responder a emails e de enviar outros em seu nome e assinados por si, sem o seu conhecimento.
A Assembleia de Freguesia, requerida por sete dos nove membros eleitos, ficou marcada pelas declarações de alguns funcionários da autarquia. Sob forte emoção, foram relatados casos de “perseguição”, “intimidação” e “medo”, para além da falta de diálogo com a presidente.
Segundo o presidente da mesa, João Antunes Santos (PSD), desde que Ana Tenente – também funcionária da junta de freguesia – foi eleita presidente (Outubro de 2013), já pediram demissão quatro funcionários, estando outros quatro a ponderarem fazer o mesmo. Por outro lado, foram vários membros eleitos, da assembleia e da junta de freguesia, que pediram renúncia de cargos, alegando, igualmente, divergências com a autarca.
Na mesma assembleia foi abordada, também, a situação “caótica” em que se encontra o cemitério de Vila Cã. Uma situação “degradante”, onde para além da falta de espaço, “não há manutenção e existe lixo por todo o lado”, revelando uma “falta de dignidade e respeito”. Um cenário fortemente criticado pela assembleia, sobretudo, por Patrícia Silva (eleita pelo grupo de cidadãos Vila Cã à Frente e actual crítica à gestão de Ana Tenente), Maria José Marques (PSD) e Liliana Silva (CDS-PP).
Recorde-se que em Outubro de 2018, a Assembleia de Freguesia aprovou uma moção de censura à presidência de Ana Tenente, tendo, também, chumbado o Orçamento da autarquia.
Para o presidente da mesa, “existe uma total falta de estratégia e de visão para a freguesia”, enquanto a autarca revela “uma incapacidade de resolver os problemas”, mas também de “inaptidão” e “incompetência” para exercer o cargo.
(Notícia desenvolvida na próxima edição em papel)