A direcção da Associação PARA acredita que este ano terá “anda mais condições” para desempenhar a sua missão, avança Vivina Mendes, secretária da direcção e coordenadora de projectos, o que significa realizar um “trabalho consistente”, “apoiado na ciência e com evidências dos efeitos positivos da intervenção” dos técnicos.
Com 115 associados de todo o país, onde se incluem 37 crianças e jovens com autismo com idades entre os dois e os 26 anos, o Projecto de Apoio e Recursos para o Autismo, inaugurado em 2018, abraça 2022 com optimismo. Viviana Mendes, que é mãe de Rafael, um menino autista, acredita que este será “um ano de afirmação e crescimento”.
“A Associação PARA está a crescer”, nota aquela responsável, razão pela qual já foram contratados dois psicólogos em 2021, atendendo aos “vários projectos em curso” e que “envolvem a intervenção directa em Análise Comportamental Aplicada em crianças e jovens com autismo, conjugada com yoga, mindfulness, actividades psicomotoras, escalda, desenvolvimento humano e pessoal para as famílias”. Para além destes dois profissionais, o projecto conta ainda com três analistas comportamentais (supervisoras clínicas).
Contudo, atendendo a que “os casos de autismo estão a aumentar cada vez mais “ e a associação tem “algumas famílias em lista de espera para intervenção directa e treino parental”, a expectativa é que a equipa seja reforçada este ano, aponta Viviana Mendes.
Mas as novidades não ficam por aqui. No campo da formação especializada, o projecto terá “uma nova turma de treino parental”, assim como uma “nova turma de coaching só para docentes de educação especial e docentes titulares [formação creditada], no âmbito do Conselho Científico-Pedagógico da Formação Contínua para Professores”, avança a coordenadora. Aliás, “a Associação PARA está devidamente apta para actuar em várias frentes”, evidencia a dirigente, contando, para isso, com “uma equipa devidamente habilitada e certificada a nível internacional”, que diariamente trava inúmeras ‘batalhas’, nomeadamente, a defesa dos direitos humanos, a área científica, a obtenção de diagnóstico de autismo, avaliações em várias áreas do desenvolvimento das crianças e dos jovens, a intervenção directa, o treino parental e a consultoria nas escolas.
Utilidade Pública
Com o estatuto de Pessoa Colectiva de Utilidade Pública e de Organização Não Governamental das Pessoas com Deficiência desde 2019, a PARA “é a única associação especializada em autismo, dentro do concelho de Pombal”. Com um “ADN” vocacionado para proporcionar apoio não só às crianças e jovens portadores de autismo, mas também às suas famílias, “através da disponibilização de recursos específicos para uma abordagem positiva e comprometida”, a associação defende que o futuro de uma criança com autismo constrói-se tendo em “consideração todos os seus elementos de conexão”.
“Quando uma criança obtém o diagnóstico, temos que pensar imediatamente no seu futuro a médio e longo prazo”, adverte Viviana, acrescentando que, para isso, é necessário considerar todas as necessidades da vida humana”, o que significa que o percurso académico é apenas uma parte dessa jornada de competências que não devem ser descuradas. “Não podemos esquecer que estamos a lidar com uma pessoa e não apenas com um aprendiz ou aluno”, até porque “um aluno só é aluno durante cerca de 12 anos, para alguns, e 18 anos para outros”. E depois disso? Estará preparado para enfrentar os desafios que a vida lhe coloca?
“Na maior parte dos casos de autismo, a partir dos 18 anos, ora ficam em casa com um dos pais, que tem de deixar de trabalhar – o que reduz significativamente a capacidade financeira da família – ora são institucionalizados em Centros de Actividades Ocupacionais para o resto da vida”, lamenta a mãe de Rafael.
Para “transformar este círculo vicioso” num “círculo virtuoso”, ou seja, que pense “fora da caixa”, a associação presidida por Patrick Mendes assume como “crucial garantir que estas crianças/jovens cheguem ao final do 12º ano com as competências de vida fundamentais e não apenas as competências académicas”, que “de pouco ou nada servem” quando o autista é institucionalizado ou não tem uma vida profissional activa, consequência da ausência de intervenção noutros domínios ao longo do seu crescimento.
Tome nota:
• Em 2020, ao abrigo do “Projecto PAI”, co-financiado pelo Instituto Nacional para a Reabilitação (INR), a associação apoiou 418 beneficiários: 36 directos e 386 indirectos.
• Desde 2021, a PARA tem em curso o “Projecto ACTIVA” e o “Projecto Equilíbrio da Mentes”, também co-financiados pelo INR, o que permite à associação pombalense apoiar 334 beneficiários: 41 directos e 293 indirectos. Neste grupo incluem-se crianças e jovens dos dois aos 24 anos, e respectivas famílias, bem como quatro docentes de educação especial (dois do Agrupamento de Escolas de Pombal e dois do Agrupamento Gualdim Pais), comunidade escolar e comunidade em geral.
• As condições oferecidas pelo Projecto de Apoio e Recursos para o Autismo aos seus associados são “decisivas”, atendendo ao “valor de mercado das intervenções especializadas em autismo” e que são, segundo Viviana Mendes, “proibitivas para a maior parte das famílias”.
*Artigo publicado na edição impressa de 20 de Janeiro