A Associação PARA (Projecto de Apoio e Recursos para o Autismo) vai trabalhar as competências sociais de 10 crianças e jovens com perturbações do espectro do autismo. Este trabalho será desenvolvido no âmbito do projecto “Autismo – corpo e mente”, que vai arrancar neste mês de Novembro e é financiado em 36.430 euros pelo Prémio BPI Fundação “la Caixa” Capacitar.
O projecto propriamente dito vai decorrer “a partir de meados de Janeiro até Novembro de 2023”, informou Viviana Mendes, coordenadora de projectos da Associação PARA, sublinhando que nestes 10 meses “serão trabalhados todos os exercícios descritos no plano e programa de intervenção individual”.
Esse plano inclui a realização de duas sessões semanais de escalada e de yoga adaptadas com a duração de uma hora cada (quatro horas de trabalho semanal). “Inicialmente serão trabalhos individuais, mas o objectivo é trabalhar competências sociais também”, adiantou Viviana Mendes.
No total “estão previstas cerca de 168 sessões”, a realizar nas instalações da Associação PARA e em locais exteriores a definir, como forma de “generalizar as aprendizagens em diferentes contextos e com diferentes pessoas”.
“Os beneficiários directos do projecto serão 10 crianças e jovens dos dois aos 25 anos, associados da Associação PARA”, dos quais “seis são crianças e jovens com diagnóstico de autismo e quatro crianças e jovens (os respectivos irmãos)”. O objectivo é promover “competências de grupo pequeno/ equipa, socialização, partilha, comunicação, conexão, etc.”.
Apesar das sessões só começarem em Janeiro, o projecto arranca já neste mês de Novembro com a divulgação da iniciativa, inscrição das crianças e jovens, realização de avaliação das capacidades físicas das crianças e jovens com autismo, estruturação dos processos terapêuticos individuais, definição do plano e programa de intervenção individual e a introdução dos exercícios e técnicas de escalada e yoga.
VAGAS LIMITADAS
As “vagas são limitadas” atendendo à “limitação do orçamento”, esclareceu a coordenadora de projectos, destacando igualmente a “reduzida capacidade de abrangência territorial” nesta fase para “garantir, aprioristicamente, uma assiduidade sustentável por parte dos participantes envolvidos”, considerada um “factor imprescindível para alcançar os objectivos pretendidos”.
A amostra será constituída por indivíduos (crianças, jovens e adultos) diagnosticados com autismo e associados da Associação PARA, que vão “beneficiar de sessões de ensino de escalada e yoga”.
Em termos de recursos humanos, o projecto abrange dois psicólogos internos, três analistas comportamentais (psicólogas formadoras/supervisoras), instrutor de Yoga, instrutor de escalada e coordenadora de processos.
O projecto agora premiado vem demonstrar “as evidências que relacionam a actividade física com a melhoria da saúde mental e do bem-estar”, frisou, dando conta que neste caso concreto permite “enriquecer a capacidade de autonomia e controle sobre o corpo para promover mais qualidade de vida e melhor saúde aos envolvidos directa e indirectamente nas actividades”.
De referir que actualmente a Associação PARA tem 118 associados, dos quais 39 têm diagnóstico de autismo (com idades entre os dois anos e os 25 anos), mas só “um grupo pequeno de seis crianças” é que beneficia de “intervenção directa devido à complexidade dos casos e à limitação de orçamento”.
No que toca ao treino parental e coaching nas escolas, “iremos iniciar uma nova turma em breve (pais, docentes e terapeutas)”, num total de 12 a 20 pessoas, adiantou Viviana Mendes, dando conta que a Associação tem “um número indeterminado no que toca à avaliação para obtenção de diagnóstico de autismo e ao apoio jurídico-administrativo pós-diagnóstico”.
Carina Gonçalves | Jornalista
*Notícia publicada na edição impressa de 10 de Novembro