As ruas engalanadas com iluminação festiva e enfeites alusivos à tauromaquia anunciam o Bodo de Abiul, que entre esta quinta-feira (dia 4) e 14 de Agosto anima aquela vila do concelho de Pombal. Durante estes dias há celebrações religiosas em honra de Nossa Senhora das Neves, corridas de toiros, garraiada, bailaricos, fados e muita animação.
Aqui as celebrações religiosas andam de mão dada com os festejos populares. “Esta festa nasceu com as duas tradições interligadas”, recorda o padre António Manuel Nobre, contando que “por volta de 1560 a localidade foi invadida por uma peste muito grande”, levando o povo a apelar a Nossa Senhora que os livrasse de tal epidemia com a “promessa de daí em diante realizarem uma festa com as duas vertentes: as celebrações religiosas e as festas populares”. Mais tarde, “os Duques de Aveiro introduziram as touradas”.
Passaram-se séculos desde que foi feita a promessa, mas o tempo não apagou a devoção que a população tem a Nossa Senhora das Neves. Tanto que esta continua a ser “a maior festa da freguesia”, mantendo-se “desde a antiguidade o compromisso de oferecer as festas”, que têm “um cunho religioso muito vincado associado à promessa e o aspecto civil” com os bailes, os arraiais e as touradas.
Foi assim no passado e, depois de dois anos de interregno devido à pandemia, assim se espera que continue a ser. Afinal, “o regresso das festas dá uma ideia de maior equilíbrio, serenidade, normalidade e segurança”, salienta o pároco, sublinhando que “estas festas mostram-nos que estamos vivos e trazem de volta as vivências populares do lugar”.
E manda a tradição que as celebrações religiosas em honra de Nossa Senhora das Neves aconteçam “sempre no dia 5 de Agosto, mesmo sendo dia de semana”. É o caso deste ano. Os festejos em honra da padroeira da terra celebram-se na sexta-feira, começando de manhã com a abertura da Igreja Matriz, onde as pessoas podem “visitar a imagem, que já estará no andor, e fazer as suas orações”. À tarde (15h30) celebra-se a missa na Igreja Matriz, com transmissão no salão ao lado, seguindo-se a procissão pelas ruas da vila, um concerto da Banda Filarmónica e a venda dos tradicionais bolos.
Os festejos prolongam-se pela noite de sexta-feira, mas também pelo sábado e domingo com as festas populares, que incluem bailes, arraiais, corridas de toiros, garraiada, fados e a Feira Mensal dos 6.
“As expectativas são grandes, porque as pessoas estão desejosas para voltar a celebrar a festa, sobretudo depois deste período de maior contenção”, refere António Manuel Nobre, esperando que pouco a pouco sejam retomados os costumes associados a esta festividade. “Aqui havia o hábito forte de as famílias e as pessoas dos vários lugares oferecerem um andor de bolos cuja venda reverte para as necessidades da paróquia”, lembrou, adiantando que também o andor da imagem de Nossa Senhora das Neves era enfeitado pelas pessoas como forma de cumprir “promessas oferecidas à padroeira da terra”.
Carina Gonçalves | Jornalista