Casal faz questão de assinalar a data com os filhos com um programa familiar onde todos colaboram, “porque eles são fruto da nossa relação”, mas quando têm oportunidade não dispensam saídas a dois.
Desengane-se quem pensa que o Dia de São Valentim é apenas celebrado pelos casais solteiros e sem filhos. Até à chegada do primeiro filho, Brigite Palhais e João Marco Gomes aproveitavam o dia para fazer um programa diferente, o que incluía sempre um jantar com uma dose extra de romantismo, de preferência num sítio especial.
Casados há 15 anos, feitos em Setembro, Brigite e João não deixaram de assinalar a data, mas com a chegada do primeiro filho, no ano seguinte ao casamento, os planos alteraram-se e a celebração do amor passou a ser partilhada. Primeiro a três, depois a quatro, depois a cinco e, sem que ninguém o previsse, a partir deste ano, também a sete, com a chegada das gémeas Lorena e Leonor, de apenas cinco meses. Envolver os filhos numa data especial não é apenas uma necessidade, mas é, antes de mais, uma dádiva, porque “eles são fruto da nossa relação”, conta Brigite, no dia em que a família abriu as portas da residência ao Pombal Jornal, no Casal Fernão João (freguesia de Pombal). Mas isso não significa que perca o brilho de outrora, até porque “é importante que eles participem”, não só no Dia dos Namorados, mas também noutras ocasiões que muitos resguardam apenas para o casal, como o aniversário de casamento (e que coincide com o aniversário de Brigite).
No próximo dia 14 de Fevereiro, em casa de Brigite e João, a data consagrada aos namorados será vivida com o habitual espírito de família, mas agora alargado às duas meninas que se vieram juntar à prole. Não há planos definidos para a ocasião, mas se o programa seguir um alinhamento próximo dos anos anteriores, tudo indica que não vão faltar ingredientes fundamentais: um jantar especial, boas conversas e muitas gargalhadas. À mesa hão-de sentar-se pai e mãe, Xavier, o filho mais velho, de 14 anos, mas também Mateus, de 11 anos, e Gil, de cinco. Ali perto, e ainda que não estejam sentadas à mesa, estarão Lorena e Leonor, as meninas nascidas em Agosto.
E como é que se consegue gerir uma casa onde vivem sete pessoas, de idades diferentes? Brigite e João desdramatizam e preferem enaltecer o lado positivo da questão. Dos mais velhos aos mais novos, todos colaboram nas tarefas diárias, nem que esse contributo seja cuidar das manas. E a muda das fraldas? Xavier admite que não se sente à vontade, mas já o irmão, Mateus, assume, com evidente orgulho, que gosta de o fazer. Mais consensual parece ser a hora do biberão, onde ninguém se importa de dar uma ajuda.
E logo que as gémeas possam ficar entregues aos cuidados dos irmãos, o casal espera retomar algumas rotinas a dois. “É possível termos os nossos momentos, mesmo com cinco filhos”, conta Brigite, enquanto segura uma das bebés, sob o olhar atento do marido, que tem no colo a outra menina.
“Muita gente chamou-nos loucos”
Quando casaram, Brigite e João idealizaram ter um ou dois filhos. A casa foi construída na linha desse pressuposto, mas com a chegada de Gil, o mais novo dos rapazes, houve necessidade de converter o escritório em mais um quarto. Na altura, “foi um choque muito grande” quando soube que estava grávida do terceiro filho, recorda Brigite, porque os planos não estavam formatados nesse sentido.
Sem que nada o fizesse prever, o ano de 2021 trouxe mais um inesperado presente à família. Cinco anos após do nascimento de Gil, há uma quarta gravidez a bater à porta, mas desta vez com gémeas. Brigite tinha 40 anos quando o teste se fez anunciar positivo (no dia em que deu à luz faltavam 15 dias para festejar os 41), deixando-a perplexa, mesmo ainda antes de saber que vinham a caminho duas meninas. Nesse dia “chorei”, conta. “O meu pai esteve um fim-de-semana sem falar”, receoso do futuro. Já o marido e os irmãos de Lorena e Leonor receberam com entusiasmo a boa-nova.
Ao turbilhão inicial de emoções seguiu-se uma gravidez vivida com tranquilidade e sem receios. “Foi um parto espectacular. Nasceram às 34 semanas e quando puseram as duas bebés em cima de mim foi maravilhoso”, descreve a mãe.
“Muita gente chamou-nos loucos”, lembra o casal, ciente de que “a sociedade não entende quando se tem muitos filhos, porque quase todos os casais têm um ou dois”.
E se para a maioria das famílias a estabilidade financeira é factor de peso na hora de ter mais ou menos filhos, em casa de Brigite e de João as prioridades seguem alinhamentos diferentes. Não deixaram de fazer o que mais gostam, apenas “reajustámos a nossa vida à medida que eles foram nascendo”. Aqui, aprende-se todos os dias a partilhar e a fazer disso um factor de enriquecimento pessoal. “O mais importante é dar-lhes amor”, reforça o casal.
Para além do trabalho e dos estudos, o quotidiano da família inclui inúmeras actividades, entre elas, o escutismo e o desporto. Brigite, por exemplo, nunca deixou de ir ao ginásio e, depois do nascimento das gémeas, já se fez acompanhar das filhas mais novas para manter esta rotina. “Há coisas que não deixámos de fazer”, muitas delas em famílias. “Todos os domingos de manhã vamos tomar café a Pombal”, por exemplo, ou sempre que há eventos de radiomodelismo, uma modalidade que une pai e filhos mais velhos, a família aproveita para fazer um programa mais alargado. “Tentamos ser activos com eles”, dizem.
Uma união evidenciada quando Xavier, o mais velho da prole, diz naturalmente: “As férias que mais gostei foi quando fomos acampar com os pais”. Aliás, “isto é uma animação todos os dias”, reforça Brigite, no tom bem-disposto que acompanhou toda a conversa.
*Notícia publicada na edição impressa de 03 de Fevereiro