Câmara de Pombal manifesta pesar pela morte de Maria Luís Brites

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A Câmara Municipal de Pombal manifestou esta terça-feira (28 de Fevereiro) pesar pelo falecimento de Maria Luís Brites, escritora e professora residente em Pombal, que em 2014 foi distinguida pelo município com Medalha de Mérito Cultural (grau prata). Maria Luís Brites tinha 88 anos.

Na Assembleia Municipal de hoje, o presidente da autarquia recordou-a como “uma cidadã absolutamente singular” e “irreverente, mas sempre defensora da preservação da liberdade de expressão e da igualdade”.

Pedro Pimpão disse ainda que Maria Luís Brites “é realmente uma personalidade verdadeiramente incontornável da nossa sociedade”.

Apesar de não ter nascido em Pombal, chegou ao concelho com cinco meses, tendo sido aqui que “viveu, segundo a própria, os anos mais felizes da sua vida”, refere a autarquia na nota onde manifesta “pesar pelo falecimento”.

Assim, “Pombal tornou-se a sua terra”, pelo que Maria Luís Brites regressou ao concelho “depois de uma vida profissional activíssima dedicada ao ensino e à educação em todas as vertentes”.

Frequentou a escolinha das “meninas Ricardas” tendo depois ido estrear as Escolas Novas. Concluída a quarta classe e depois do exame de admissão feito no Liceu Rodrigues Lobo, em Leiria, inscreveram-na no Externato Marquês de Pombal, que frequentou até ao quinto ano. A partir daí como todos os outros que quiseram prosseguir estudos teve de ir para o liceu em Coimbra. Foi então para o Liceu Nacional D. João III e dali para a Faculdade de Letras, mais propriamente para o curso de Filologia Germânica.

Concluída a licenciatura fez o estágio pedagógico de dois anos no liceu onde fora aluna. Foi professora no Liceu Carolina Michaelis do Porto, tradutora de romances na Livraria Civilização, colaboradora e autora de obras didácticas para o ensino do Inglês e do Alemão para a Porto Editora.

Entretanto escreveu artigos de opinião dedicados ao ensino para o jornal “Comércio do Porto”, para o “Jornal de Notícias” e para a revista “Verbo”. Durante quase 30 anos passou as férias de Verão nos Açores de onde era natural o seu falecido marido, Macedo, avançado centro na Académica de Coimbra. Fez conferências em Centros Culturais sobre assuntos relacionados com a Educação. Foi nomeada directora da Escola Preparatória Dr. Leonardo Coimbra (Serralves – Porto), função que lhe permitiu realizações apontadas como inovadoras, sempre apoiada por um corpo docente de muitas estrelas.

O Abril de 1974 obrigou-a a regressar ao ensino liceal e teve de partir para o Liceu Nacional de Famalicão (1974-75). No ano lectivo seguinte esteve no Liceu Nacional de Matosinhos onde atingiu a idade da reforma.

Nessa altura começou a preparar o seu regresso a Pombal, onde escreveu para o jornal “Voz do Arunca” e participou num programa matinal aos domingos na Rádio Clube de Pombal.

Politicamente foi sempre democrata. Em 1974 inscreveu-se no PCP (Partido Comunista Português), mas passados dois anos foi convidada a abandonar o partido por ser “polémica” demais. Assim, quando surgiu o Bloco de Esquerda tornou-se sua aderente e ali teve uma acção bastante activa enquanto pôde.

Foi uma defensora dos valores da igualdade e fraternidade anunciados pela revolução francesa.

Enquanto escritora publicou alguns livros, nomeadamente “A Cigarra do mar” (poesia), “Um saco de Diabelha” (contos), “Um triângulo no litoral – a saga do vidro” (romance/saga)”, “Ali nunca acontecia nada” (contos), “Pelos trilhos da droga” (contos), “A trilogia do concelho de Pombal reportada ao séc. XX”, “Estudo semântico e holístico a partir de alcunhas de família e de localidade”, “O comandante da bruma” (romance), “Serafim único” (romance), “Avatares à Solta”, entre outros.

Em 2014, a Câmara Municipal de Pombal distinguiu-a pelo relevo dos seus serviços prestados à cultura, à história e ao conhecimento, atribuindo-lhe a Medalha de Mérito Cultural (grau prata).