Foi devido à preocupação com a falta de apoio que o meio rural tem para o seu desenvolvimento, que a concelhia de Pombal do CDS-PP organizou uma visita de trabalho à freguesia de Abiul. Até porque, segundo a própria concelhia, estão convictos de que, dois anos volvidos sobre o grande incêndio em que ardeu 20 por cento daquela freguesia, está muito por fazer. Numa nota de imprensa em que anunciava a iniciativa, o CDS-PP de Pombal frisava que não estavam em causa os acessos ou infraestruturas básicas, mas sim “a falta de ajuda à actividade agrícola, silvícola, florestal e pastorícia”, considerando que “a maioria dos proprietários rurais tem muita dificuldade em aceder aos fundos que são geridos centralmente” e garantindo que “têm que ser os municípios a acompanhar e ajudar aqueles que querem investir nestas actividades”.
O périplo dos centristas pela freguesia de Abiul passou por várias localidades, entre as quais Vale Perneto, Zambujais, Rebolo, Lapa e Ramalhais. Uma das constatações foi que ainda existem barracões em ruínas, árvores ardidas e placas de sinalização queimadas que não foram substituídas. No final da visita, o líder da concelhia de Pombal do CDS-PP fez o balanço da mesma. Telmo Lopes começou por dizer que a iniciativa aconteceu depois da concelhia ter sido alertada por algumas pessoas sobre o que ainda está por fazer desde os fogos de 2022. Um dos objectivos passou mesmo por identificar situações para alertar o Município de Pombal, e nomeadamente a Protecção Civil, para que possam ser corrigidas. “Há um período de dois anos que já é suficiente para identificar quais as árvores que voltaram a rebentar e quais as que estão mortas. Há muitas árvores mortas à beira de caminhos e estradas que, com a chegada do Inverno, podem tombar facilmente e colocar em perigo a segurança das pessoas”, esclarece Telmo Lopes, para quem é necessário falar com os proprietários dos terrenos e resolver essa situação.
A concelhia do CDS encontrou também bons exemplos, com terrenos e habitações a serem recuperadas, contrastando com o abandono generalizado da maioria dos terrenos que já foram ocupados com espécies invasoras e eucaliptos. Num dos bons exemplos, de um proprietário que está a recuperar uma casa de segunda habitação, ouviram queixas de dificuldades burocráticas com o Município de Pombal e outras entidades. “Se queremos que as pessoas invistam nesta zona, temos de facilitar o processo e até, por exemplo, isentar taxas ou até o IMI”, afirma o presidente dos centristas pombalenses. Para o CDS, “a única forma de salvaguardar estes territórios rurais dos fogos florestais, é se existir actividade florestal, agrícola e pastorícia. Se não houver esta actividade, não há política de combate a incêndios que seja eficaz.”
O CDS-PP de Pombal recebeu do Município de Pombal o relatório sobre os prejuízos causados pelos incêndios de 2022 na freguesia de Abiul e, depois de analisar o documento, questiona o porquê de, não existindo apoio do poder central, “que já não virá de certeza”, o Município não ter tido “a iniciativa política, porque se trata de uma opção política, de ajudar os pequenos agricultores que ficaram com estes prejuízos”. Ao Município de Pombal, o CDS vai pedir por escrito que olhe para estes munícipes e que “os ajude a recuperar as suas culturas, plantações, criações de gado e outras actividades, investindo dessa forma na prevenção dos fogos e no desenvolvimento do território”.
*Notícia publicada na edição impressa de 19 de Setembro