Cineclube recorda a censura do Estado Novo em novo ciclo

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Abril traz um novo ciclo de cinema promovido pelo Cineclube de Pombal. Inserido nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, este ciclo Cinema & Censura vai ser um dos mais especiais do ano, contando com a presença de convidados em todas as sessões.

Do jornalista e apresentador da RTP, Mário Augusto, ao escritor e ex-programador de cinema na Cinemateca, Manuel S. Fonseca, passando pelos académicos Abílio Hernandez Cardoso, Paulo Cunha e Cristina Batista Lopes, todos eles terão por certo muito a dizer sobre os filmes em exibição e sobre o período em que foram filmados.

O conhecido apresentador e jornalista Mário Augusto é um dos convidados do mês de Abril

As sessões regulares do Cineclube realizam-se todas as quartas-feiras, às 21h30, no Mini-Auditório do Teatro-Cine, e têm entrada gratuita. O primeiro filme de Abril (dia 3) vai ser um dos grandes clássicos do cinema italiano. “Roma, Cidade Aberta”, de Roberto Rossellini, é uma história passada em plena II Guerra Mundial e foi estreada logo após o fim do conflito. Proibido em Portugal, foi exibido apenas em 1973, numa sessão especial com a presença do realizador, na Fundação Calouste Gulbenkian. O filme será comentado por Abílio Hernandez Cardoso, Professor Catedrático Jubilado da Universidade de Coimbra.

No dia 10 é exibido o incontornável “O Último Tango em Paris”, de Bernardo Bertolucci. Filme escândalo de 1972, mostra a relação entre um americano de meia-idade e uma jovem francesa, com as cenas sexuais a alimentarem muita polémica. O filme apenas chegou às salas de cinema portuguesas no Verão de 1974, com sessões esgotadas durante semanas. O jornalista Mário Augusto será o convidado especial desta sessão.
Os dois últimos filmes do ciclo Cinema & Censura são produções portuguesas. No dia 17 é exibido “Nazaré”, de Manuel Guimarães, de 1952. Retratando a comunidade piscatória nazarena, consolida imagens próximas de uma realidade que o Estado Novo se empenhava determinantemente em encobrir. Paulo Cunha, Professor Auxiliar do Departamento de Artes da Universidade da Beira Interior, e Cristina Batista Lopes, investigadora do Grupo Práticas Artísticas da Universidade de Coimbra, são os convidados da sessão.

Por último, no dia 24, é mostrado “Perdido por Cem”, a primeira longa-metragem de António-Pedro Vasconcelos. Com a morte do realizador a 5 de Março (estava prevista a sua presença em Pombal), esta será também uma sessão para falar sobre o seu legado. O convidado especial desta sessão será Manuel S. Fonseca, fundador da Editora Guerra & Paz e ex-programador de cinema na Cinemateca e na RTP2.