Clínica de hemodiálise promoveu acção dedicada aos auto-cuidados renais

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Sabia que, em Portugal, uma em cada 10 pessoas poderá ter Doença Renal Crónica? E que esta é uma das doenças crónicas com maior aumento a nível mundial, estimando-se que seja a quinta doença crónica mais prevalente em 2030? Os números são expressivos e estão associados à diabetes e hipertensão arterial, desencadeadas pela má alimentação e sedentarismo.
Na Diaverum, a clínica de hemodiálise localizada na Urbanização Sol Nascente, nos Caseirinhos (Pombal), as portas abriram-se no sábado passado (9) para prestar os habituais cuidados renais, mas para receber também os familiares dos doentes e parceiros daquela unidade de saúde, no âmbito de uma iniciativa designada como “Clínica Aberta”. A acção contou também com a presença do presidente da Associação Portuguesa de Insuficientes Renais.

A clínica de hemodiálise é formada por uma equipa multidisciplinar de profissionais de saúde

A directora clínica da Unidade de Hemodiálise da Diaverum Pombal explica que, no sábado, o objectivo era contactar sobretudo com as famílias, consideradas “uma parte importante deste processo”. Ana Belmira Santos lembra que os familiares destes doentes “são um grupo de risco” e, nessa medida, é preciso “que eles percebam que têm de ter alguma atenção e vigilância”. A profilaxia assume, neste contexto, um papel determinante, para que “a insuficiência renal seja um acontecimento o mais tardio possível, ou não aconteça”, refere a directora clínica.
Para este trabalho de sensibilização, a clínica de hemodiálise preparou um conjunto de bancas dedicadas aos doentes, mas onde a família foi também integrada “para perceber como proceder e agir” em caso de necessidade. A dinamização destes espaços foi feita por profissionais de saúde de diferentes áreas, que prestaram informações sobre auto-cuidados renais em contexto domiciliário, nomeadamente os cuidados a ter com o acesso vascular, a importância da vacinação nestes grupos de risco (há ainda doentes a recusarem a vacinação e é preciso envolver as famílias), mas também da nutrição. Foi igualmente abordada a gestão da medicação, assim como os direitos do doente renal em hemodiálise, nomeadamente no caso de querer ir de férias (mesmo no estrangeiro, o doente tem direito ao tratamento, graças a uma rede mundial de centros de hemodiálise). Para Ricardo Duarte, enfermeiro-chefe da clínica, é importante que percebam, por exemplo, que “a doença não os impossibilita” de continuar a ter uma vida social plena.
Na “Clínica Aberta”, os familiares puderam ainda fazer rastreios da diabetes e hipertensão arterial, consideradas as causas mais comuns da doença e que estão relacionadas “com um conjunto de hábitos de vida que deviam ser mudados”, nota Ana Belmira Santos. “Por isso é que é tão importante a prevenção desta patologia”.
“Queremos que as pessoas que fazem diálise connosco possam tomar melhores decisões acerca do seu processo de doença, assim como os familiares, no sentido do auto-cuidado. Se no dia de hoje uma pessoa sair de cá mais consciencializada de uma mudança que tenha de fazer, já foi um grande ganho”, considera Ricardo Duarte.

A importância da clínica para Pombal

A prestar actualmente cuidados a 107 doentes com insuficiência renal crónica, Ana Belmira Santos destaca a importância da clínica para a população deste território, evitando deslocações significativas. “Se esta clínica não existisse em Pombal, estes doentes teriam de ir a Leiria, Coimbra, Sertã ou Figueira da Foz”, refere a directora clínica.
Aberta ao público desde 2009 (à época como Pombal Dial), a unidade de hemodiálise conta com uma vasta equipa multidisciplinar formada por médicos nefrologistas e não nefrologistas, enfermeiros, farmacêutico, nutricionista, assistente social, administrativas e assistentes operacionais.
O enfermeiro-chefe destaca o facto de a hemodiálise ser “um dos sectores da saúde mais regulamentados em Portugal”, o que “garante a qualidade dos cuidados”. Além disso, “temos indicadores de qualidade aos quais temos de responder todos os anos”, o que faz com que seja “muito rastreado”. Patamares de exigência elevados que contribuem para que “a hemodiálise que se pratica em Portugal seja das melhores, a nível mundial”, acrescenta ainda a directora clínica.

107
A Clínica de Hemodiálise de Pombal tem actualmente 107 doentes sob terapêutica dialítica.

72
A actual média de idades dos doentes da unidade de Pombal é de 72 anos, o que traz “desafios acrescidos”, uma vez que “são doentes com mais patologias”, explica a directora clínica. Ainda assim, há também doentes mais jovens. “Podemos chegar à doença por factores comportamentais (diabetes, hipertensão arterial), mas também por problemas de base”, explica Ricardo Duarte, associados a causas genéticas ou obstrutivas, por exemplo.

30
A clínica Diaverum tem uma área de influência que se estende pelos territórios à volta de Pombal, num raio aproximado de 30km.

6
Em 2024, já foram transplantados seis doentes desta unidade de saúde.