No ano passado, o “Comboio da Memória” partiu para Auschwitz, numa experiência que marcou professores e alunos. Embora por outras paragens, o “comboio” não tem parado o seu percurso pela memória e ensino do Holocausto.
Ao todo, são quase três dezenas de alunos do secundário do Agrupamento de Escolas de Pombal, que participaram no projecto “Comboio da Memória”, que inclui um intercâmbio com jovens italianos, que estiveram em Pombal na última semana. Considerando o mote do projecto, foram diversas as actividades promovidas com o intuito de dar a conhecer as temáticas relacionadas com o Holocausto. O momento alto deste conhecimento aconteceu na passada sexta-feira, com uma viagem a Carregal do Sal, onde os alunos portugueses, italianos e os professores envolvidos no projecto, puderam conhecer um pouco da história de Aristides de Sousa Mendes.
E porquê Aristides de Sousa Mendes? Simplesmente porque ele foi um diplomata português que ousou desobedecer às ordens do regime, concedendo mais de 30 mil vistos a judeus, sendo assim o responsável pela salvação de milhares de pessoas. O seu neto, António de Moncada de Sousa Mendes, que acompanhou a visita a Carregal do Sal, defendeu precisamente esta visão, ancorando-se em registos históricos. Um dos locais visitados foi precisamente a Casa do Passal, de Aristides de Sousa Mendes, que se encontra a ser reconstruída, num projecto há muito desejado e que vem salvaguardar um edifício históricos, por onde terão passado muitos refugiados judeus, seguindo-se uma homenagem simbólica pela deposição de uma coroa de flores no túmulo do diplomata.
“É uma ocasião muito especial para mim, como recordar o meu avô é sempre muito importante”, referiu António de Sousa Mendes, revelando ter sido a primeira vez que lembrou o seu avô e o seu testemunho de vida na presença de italianos.
Outro dos momentos relevantes desta semana repleta de actividades, aconteceu esta terça-feira com a apresentação dos trabalhos dos alunos da escola secundária, “que desde Novembro estão a pesquisar sobre esta temática e desenvolveram trabalhos muito interessantes”, sublinhou Isabel Vicente, impulsionadora do projecto, acrescentando que “obviamente que eles já tinham ouvido falar do Holocausto, mas ao fazerem esta pesquisa, ao estudarem sobre o assunto, são levados a reflectir e a viver de uma forma diferente essa temática”.
Ana de Jesus
(Notícia publicada na Edição n.º 52, de 19 de Março)