As restrições impostas pela pandemia, e que impedem a realização das habituais recolhas de alimentos nas superfícies comerciais, por parte do Banco Alimentar, trouxeram constrangimentos acentuados ao trabalho desenvolvido pela Conferência de São Vicente de Paulo (CSVP). Os cabazes entregues mensalmente às famílias carenciadas contavam com a ajuda dos alimentos provenientes do Banco Alimentar, mas a estes juntavam-se, ainda, os recolhidos na cidade de Pombal, habitualmente no mês de Março, pelos voluntários da instituição vicentina.
Para fazer face a estas dificuldades, o Município de Pombal aprovou recentemente a atribuição de um apoio de 5.000 euros à CSVP, “fundamental para podermos fazer face às despesas, sobretudo as relacionadas com a realização dos cabazes mensais”, uma vez que a instituição “vive de donativos”, revela Ângela Marques, presidente da direcção. Por sua vez, o município afirma ser “sensível à solicitação de apoio da instituição que viu aumentado, de forma considerável, o número de famílias que a ela recorrem em busca de apoio, não só alimentar, mas também para fazer face a despesas com habitação, medicação, consultas e transporte para hospitais centrais, entre outras necessidades”, refere em nota de imprensa.
Sem os habituais donativos provenientes das recolhas nos supermercados, a CSVP tem sido obrigada a adquirir alguns alimentos para conseguir fazer face às necessidades das famílias que contam com a entrega do cabaz mensal. Em Agosto, esse cenário foi ainda mais adverso, já que a instituição teve mesmo de comprar a “quase totalidade dos alimentos entregues no final desse mês”, perante a ausência de “qualquer apoio” do Banco Alimentar”.
Já em Setembro, e à semelhança do que aconteceu em meses anteriores, Ângela Marques diz que contaram “com alguns alimentos vindos do Banco Alimentar para assegurarmos a distribuição, no entanto, como já referi, o que recebemos, apesar de ser uma preciosa ajuda, não é suficiente para fazer todos os cabazes”, esclarece.
Perante este quadro pouco animador, a dirigente da instituição afirma que “o apoio da Câmara Municipal de Pombal é essencial para podermos adquirir os bens alimentares necessários para completar os cabazes mensais que serão entregues nos meses que se avizinham”.
A pandemia trouxe não apenas pedidos de ajuda alimentar, mas Ângela Marques adianta que à CSVP têm chegado, também, “solicitações para apoio no pagamento de despesas com a habitação, consultas, entre outras”.
Contudo, e graças ao contributo de dois supermercado da cidade (Spar e Pingo Doce), a Conferência consegue chegar ainda mais longe no apoio a quem mais precisa. Graças aos excedentes (fruta, iogurtes, pão, legumes, charcutaria, sandes, entre outros) entregues diariamente por aquelas duas superfícies comerciais, a instituição disponibiliza ainda alimentos às cerca de 40 famílias que, ao longo da semana, passam pela sede, localizada na principal avenida da cidade. “Por vezes, recebemos excedentes do serviço de take-away do Spar”, diz Ângela Marques, mas tal não significa que seja possível falar em “refeições diárias”, evidencia aquela responsável.
Mais famílias apoiadas
Às famílias já apoiadas habitualmente pela instituição – cerca de 200 – juntam-se, agora, as que a pandemia trouxe. “Desde Março, houve um aumento de cerca de 30% no número de famílias apoiadas. Procuram-nos, geralmente, porque um dos elementos do casal ficou desempregado e não têm como fazer face a todas as despesas. Geralmente são casais com filhos menores”, explica a presidente da direcção.
Para garantir a segurança sanitária dos voluntários, a CSVP tem procurado “assegurar a distribuição de máscaras, luvas e álcool gel”. Além desta medida, os dias de abertura do Espaço Solidário para entrega de roupa são agora limitados, “dada a faixa etária das nossas voluntárias”. Restrições que se estendem também ao número de pessoas permitidas dentro daquele espaço para escolha de roupa.
A sensibilização dos beneficiários para a importância do uso da máscara e da distância de segurança enquanto aguardam pela entrega dos bens tem sido, neste período, outra das preocupações da instituição. Além disso, os cabazes são entregues à porta, acrescenta, ainda, Ângela Marques.
*Notícia publicada na edição impressa de 22 de Outubro