“Cuidados paliativos são um direito”

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A terapeuta ocupacional Ana Costa é co-autora de um livro que é resultado da tese de mestrado.

Ana Costa é a co-autora do livro “Reabilitação em Cuidados Paliativos”, apresentado este mês em Lisboa, na Associação Portuguesa de Terapeutas Ocupacionais (APTA), instituição da qual é presidente da mesa da Assembleia-Geral.

O livro é o resultado da investigação em cuidados paliativos, levado a cabo no âmbito da tese de mestrado pela Faculdade de Medicina do Porto, e conta ainda com a assinatura de Marília Othero. À professora brasileira, terapeuta ocupacional e autora de outros livros, coube também a orientação da tese de Ana Costa.

A escassez de trabalhos publicados em Portugal sobre cuidados paliativos e a ausência de obras com incidência na área da reabilitação acabaram por despertar o interesse da editora Lusodidacta, como revela a terapeuta.

Natural de Pombal, concelho onde vive e trabalha, Ana Costa espera que o livro venha a ser útil a “qualquer técnico de saúde na área da reabilitação”. Nessa perspectiva, a obra conta não apenas com o contributo de terapeutas ocupacionais, “mas também de fisioterapeutas, terapeutas da fala, enfermeiros de reabilitação, médicos”, entre outros, revela a co-autora.

Dessas colaborações multidisciplinares, Ana Costa destaca os capítulos onde tomam parte duas pombalenses: a fisioterapeuta Marta Duarte, da delegação centro da Alzheimer Portugal, e Cláudia Costa, geógrafa, natural de S. Simão de Litém.

Marta Duarte assina, em co-autoria, um trabalho sobre a experiência levada a cabo na instituição onde trabalha e intitulado “Cuidados paliativos na demência – experiência da Terapia Ocupacional e Fisioterapia na Alzheimer Portugal – delegação centro”. Por sua vez, Cláudia Costa dá o seu contributo em dois capítulos, também em co-autoria, nos quais aborda o “Panorama dos Cuidados Paliativos em Portugal: distribuição e recursos humanos de reabilitação” e “Perfis dos serviços de Cuidados Paliativos no Brasil e as suas equipas de reabilitação”.

Para Ana Costa, “os cuidados paliativos são um direito humano”. A terapeuta ocupacional defende que ”por maior dor que tenha um ser humano, esta deve ser aliviada”, considerando que “os cuidados paliativos têm meios para qualquer dor ser confortada”.

Ana Costa acredita que a reabilitação é possível mesmo “em fim da vida”. Além disso, “as terapias contribuem para que a pessoa se mantenha o máximo de tempo activa e com autonomia, nas actividades de vida diária, lazer e produtividade” e, dentro dos possíveis”, permite ao doente “continuar a “comunicar, envolver-se, no fundo, a viver verdadeiramente, mesmo que de modo adaptado”. Ana Costa lamenta que muitas vezes se caia no erro de considerar o portador de uma doença grave como “apenas doente”, quando, na realidade, adverte a terapeuta, “tem toda uma identidade ocupacional por trás, toda uma história de vida interessantíssima que deve ser mantida e reconhecida, pois a pessoa continua a ser quem sempre foi e pode ainda melhorar em vários aspectos e viver por muitos mais anos”.