Conheci-o em Vancouver, Canadá, em virtude de ser familiar muito próximo dos amigos com quem viajávamos, durante uma histórica viagem àquele país da América do Norte. Admirei a sua postura, a sua descontracção, o modo optimista e alegre como encarava a vida e o mundo.
Conduzia o seu automóvel a uma velocidade surpreendente pelas ruas de Vancouver. Denotava um conhecimento perfeito das regras práticas de trânsito, das ruas, do modo de circular na cidade, fazendo-o de modo competente, descontraído e fácil. Fomos jantar, lá em baixo, junto ao porto, a um restaurante internacional, bastante frequentado. Havia sempre algum tempo de espera, que era aproveitado para tomar um excelente aperitivo, que acompanhava uma amena cavaqueira. Quando apareceu a bandeira portuguesa, de acordo com a inscrição prévia que tínhamos feito, sabíamos que já tínhamos mesa e dávamos início ao jantar.
Nas relações pessoais não havia limites, fronteiras, nacionalidades. Mesmo nas mais próximas, também não era importante o exotismo, antes pelo contrário. Ficámos com a ideia de que a sua vida era movimentada, divertida, vivida de modo interessante, aproveitando as coisas boas, tendo em conta as suas possibilidades e os seus gostos.
Em termos profissionais, era e é proprietário e gestor de uma loja de artigos desportivos de uma marca conhecida, sem grandes problemas, sem dificuldades de liquidez ou de vendas. A economia do Canadá, desenvolvida de modo sustentado, num País bem governado, numa tradição anglo-saxónica, realista e competente, proporcionava um excelente nível de vida que permitia consumos que tornavam viáveis e lucrativas as atividades económicas normais, tendentes à satisfação das necessidades dos consumidores.
Exprimia-se usando uma linguagem divertida, misto de português e de inglês, com expressões simples e interessantes, quer na linguagem oral, quer na escrita. O mail que recebi, no âmbito da última quadra natalícia é sugestivo: “Hello my Amigo. H.N.Y. wish you the best to you and Familia! Espero vos ver este summer, Big hug”. Ou seja, numa tradução livre: “Olá meu Amigo. Feliz Ano Novo, desejo o melhor para ti e para a tua Família! Espero ver-vos este verão. Grande abraço.”
Posteriormente a essa estadia no Canadá, temo-nos encontrado em Abiul, em excelentes repastos, convivendo alegre e descontraidamente, por altura das festas taurinas anuais, a que ele não falta, evidenciando um bairrismo notável, no habitual regresso às suas origens, que para ele era e é um ritual sagrado. A felicidade e a alegria que transmitia no convívio pessoal, confirmava o seu modo de ser e de estar na vida.
Num mundo globalizado, com o espírito de abertura ao mundo que os Portugueses sempre evidenciaram desde a epopeia dos Descobrimentos, o nosso Amigo Helder Ferreira – é impossível não ser seu Amigo depois de o conhecer e de conviver com ele – é um exemplo perfeito de como se pode ser feliz, em qualquer parte do mundo, mais ou menos distante da terra onde se nasceu, mas nunca esquecendo as origens e tendo sempre presente a necessidade do regresso, feito com regularidade, enriquecendo assim a vida, numa notável realização pessoal. Pois que assim continue durante muitos e bons anos!
manuel.duarte.domingues@gmail.com