Antes de começar, permitam-me explicar o porquê de escrever no jornal de Pombal. A verdade é que Pombal é também a minha terra. A família do lado da minha mãe é toda de Pombal e o meu Pai, que é de perto da Guarda, trabalha há quase 30 anos na Câmara Municipal de Pombal. O meu avô, Raul Testa Fortunato, deixou a sua marca em Pombal. Partiu demasiado cedo – tão cedo que, para muita tristeza minha, nunca o conheci. Cresci com a memória de em cada esquina de Pombal encontrar alguém que tinha passado bons momentos com o meu avô.
Vivo em Leiria, estudei em Coimbra, sou militante do Partido Socialista e desde 2013 fiz parte da equipa do PS de Raul Castro na Câmara Municipal de Leiria mas o meu coração também está em Pombal.
Sempre que há eleições autárquicas sigo-as com especial interesse em Pombal. Dou aulas de Marketing Político na D. Dinis Business School, em Leiria, como tal, estou dentro do tema. As últimas eleições em Pombal foram especialmente excitantes pela introdução da lista de independentes, encabeçada pelo Narciso Mota.
Se analisarem os resultados de 2017 chegam a várias conclusões bem objetivas e que, como tal, não merecem discussão:
1. O NMPH dividiu o eleitorado de direita e ainda foi buscar alguns votos ao centro;
2. O PSD aguentou-se bem quando todos vaticinavam resultados bem piores;
3. O PS eclipsou-se, sendo vítima de si mesmo, bem como do voto útil no PSD de alguns seus simpatizantes que queriam a todo o custo impedir a segunda vinda do Narciso Mota.
4. Pombal tem menos 3 mil pessoas em condições de votar, relativamente às eleições de 2013, o que normalmente quer dizer que o município está a perder gente.
5. A esquerda (PS,PCP e BE) toda junta não chega a 4 mil votos.
Espero que os meus camaradas do PS de Pombal percebam que não podem ser iguais ao PSD. O PS é um partido de esquerda, com políticas viradas para as pessoas mas sempre com o objetivo de diminuir as diferenças entre as classes sociais. O PS não pode compactuar com obras ou edifícios a serem benzidos, o PS não pode aceitar que o PSD use as verbas municipais do financiamento associativo para ganhar cada vez mais simpatizantes. O PS tem que olhar para a esquerda para fazer pontes. O PS não pode gostar de ser oposição, como o PSD nos últimos 4 anos fez em Leiria e cujos resultados estão à vista.
Resumindo, o Partido Socialista e os próprios Pombalenses não podem aceitar que quem governa Pombal exiba tiques de autoritarismo e de aristocracia. Quem nos governa não está acima de nós, está ao lado, a representar-nos.
Os Pombalenses têm que exigir uma estratégia de crescimento para Pombal, com compromissos em termos numéricos, para daqui a 4 anos poderem julgar quem governa com a ajuda dos números que a direita tanto adora.
Raul Testa
Jurista