O concelho precisa de mais vagas em creches e em Estruturas Residenciais para Idosos (ERPI). A conclusão não é de agora, mas foi reforçada com os dados mais recentes da nova Carta Social de Pombal, que identifica aquelas necessidades as maiores “fragilidades” no campo social, revelou a vereadora com o pelouro da Coesão Social, Catarina Silva, na reunião de câmara do dia 7 de Junho.
“Ao nível das respostas para idosos, existe disponibilidade em respostas como o serviço de apoio domiciliário e os centros de dia. Já as estruturas residenciais para idosos, os lares, estão com uma taxa de ocupação bastante superior, o que é uma preocupação tendo em conta a taxa de envelhecimento no concelho de Pombal”, afirmou Catarina Silva à agência Lusa.
Segundo a vereadora, tal significa que as pessoas “cada vez aguentam mais tempo em casa e quando precisam de apoio procuram as estruturas residenciais e acabam por não ter vaga”. “Isso é uma preocupação”, admitiu, defendendo que esta área tem de ter “investimento governativo”, pois “não tem existido linhas de financiamento ou têm existido muito poucas linhas de financiamento para os idosos ao nível das estruturas residenciais de apoio”.
A autarca defendeu, por outro lado, que se deve tentar perceber se a resposta social de centro de dia é “aquilo que os idosos precisam”, pois há “bastantes vagas”.
Já ao nível das creches, a vereadora também assumiu existirem dificuldades na colocação de crianças, outra necessidade identificada na Carta Social apreciada na mesma reunião de Câmara, que será posteriormente submetida à Assembleia Municipal.
“Pese embora tenha existido nos últimos tempos alguma actualização de vagas por parte da Segurança Social, a verdade é que, claramente, é ainda insuficiente para aquilo que são as necessidades de hoje”, adiantou.
Recorde-se que há dois projectos municipais para creches, um no Grou, na União de Freguesias de Guia, Ilha e Mata Mourisca, para 42 crianças, cujo procedimento já foi lançado, e outro, que está em fase de ajustes, na Assanha da Paz (Almagreira), também para 42 crianças. Segundo Catarina Silva, ambas as creches vão entrar em funcionamento ano lectivo de 2025/2026.
Catarina Silva considerou que a Carta Social “vai ser fundamental” para o Diagnóstico Social e o Plano de Desenvolvimento Social do concelho, além de “trunfo” para eventuais candidaturas não apenas do município como das instituições que operam na rede social.
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Segundo o Diagnóstico Social de Pombal de 2024, as famílias têm baixos rendimentos para suportar uma vaga” em lar na rede privada. Além disso, as “Estruturas Residenciais para as Pessoas Idosas não estão preparadas para acolher pessoas idosas com demências, deficiências e com dependências graves”. Neste sentido, é “fundamental aumentar a capacidade de respostas” em lar “que respondam a situações de necessidade extrema”. As listas de espera para ERPI chegam às 1 055 pessoas (para a rede solidária ou para a rede privada).
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A resposta social de creche encontra-se lotada, tanto na rede solidária como na rede privada. O Diagnóstico Social contabiliza uma lista de espera de cerca de 327 crianças.
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Através do Diagnóstico Social realizado foram apontados oito problemas: insuficiência de respostas para problemas de saúde mental; acesso à habitação e ausência de apoios de habitação; falta de recursos técnicos especializados para acompanhamento do aumento do número de crianças com necessidades educativas e de saúde especiais, bem como concertação institucional; escasseza de respostas diversificadas para um envelhecimento activo e saudável; insuficiência (horários e percursos) e/ou inexistência da rede de transportes colectivos nas freguesias; parte da população sem acesso a médico de família; ausência de estratégias de inclusão e coesão social; e insuficiência de respostas institucionais diferenciadas para pessoas idosas.
*Notícia publicada na edição impressa nº 280, de 20 de Junho