Família esclarece alegado desaparecimento do corpo

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Depois da notícia que dava conta da trasladação do corpo de Manuel Ferreira, do cemitério de Almagreira para local incerto, a família veio hoje contrariar a versão apresentada pela Junta de Freguesia de Almagreira ao nosso jornal.

Amélia Alves, em nome da família de Manuel Ferreira e irmã da viúva, lamenta que a autarquia presidida por Fernando Matias não tenha preparado a sepultura para “acolher condignamente” os restos mortais do falecido, uma vez que, segundo dizem, o local encontrava-se “cheio de água”. “Para nós, familiares, era uma indignidade deixar o corpo do nosso ente querido em tais condições”, refere.

Foi com este argumento que a viúva de Manuel Ferreira terá tentado contactar o presidente da Junta de Almagreira, que se encontrava de férias, no sentido de obter autorização para trasladar o corpo “até que a sepultura estivesse em condições de o acolher condignamente”. Apesar das várias tentativas, Amélia Alves assegura que a irmã não obteve qualquer resposta. É nessa altura que a viúva do falecido pede ajuda a Fernando Maduro, empresário encarregue da construção do jazigo que irá acolher a urna, para que entre em contacto com o presidente, dadas as tentativas infrutíferas. Terá sido então a Fernando Maduro que o autarca de Almagreira deu autorização verbal para que o processo avançasse. “Foi o próprio que deu autorização ao senhor Fernando Maduro, por telefone”, esclarece Amélia Alves.

A urna está sob a responsabilidade da Agência Funerária A Pombalense, que garante ter encetado todos os procedimentos inerentes a situações desta natureza. Eusébio Rodrigues, gerente da agência, diz que foi contactado para realizar o serviço, tendo advertido desde logo a família para a necessidade de obter autorização da Junta de Freguesia.

Apesar de desprovido de qualquer documento escrito, Eusébio Rodrigues diz ter-se deslocado ao cemitério de Almagreira na quarta-feira de manhã, depois de a família do falecido o ter informado que já tinha autorização para o efeito. “Fiz boa-fé nas declarações da família”, conta. Ainda nesse dia, e na deslocação para o cemitério, afirma ter parado na sede da junta para levantar cópia da certidão de óbito, a qual lhe foi entregue sem qualquer objecção.

Surpreendido com as afirmações do executivo local sobre este assunto, que refere não ter dado autorização para o acto, o gerente d’A Pombalense deixa uma interrogação: “Se a Junta de Freguesia não sabia de nada, como é que deixa fazer obras sem saber onde é que o corpo está?”. Além disso, acrescenta Eusébio Rodrigues, a urna foi desenterrada na presença do coveiro e sem que alguém tivesse manifestado oposição ao procedimento. “Ninguém foi lá proibir que levantássemos a urna”, salienta. Sobre a questão da água na sepultura, o responsável d’A Pombalense confirma o cenário que já tinha indignado a família: “A urna estava debaixo de água”.

Eusébio Rodrigues frisa ainda que esta versão dos factos já foi apresentada à Guarda Nacional Republicana, uma vez que o caso foi comunicado às autoridades pela autarquia local, e que a GNR “sabe onde o corpo está.

Logo que as obras para instalar o jazigo estejam concluídas, os restos mortais de Manuel Ferreira regressam ao cemitério de Almagreira, “sendo que desde sempre a família soube onde se encontra o corpo”, assegura Amélia Alves. “Da parte da família apenas pretendemos que, neste momento de dor, tal situação não seja aproveitada com outros motivos que não compreendemos”, apela a irmã da viúva.