HIC ET NUNC | Bem vindos a Pombal

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1862

Nasci em Coimbra onde vivi até aos meus 14 anos. Saudades desses tempos em que Coimbra era uma cidade calma e acolhedora, sem trânsito, sem confusão, com segurança e com bons ares. Nos anos seguintes estudei, namorei e casei em Lisboa, ou melhor na sua zona metropolitana. Aproveitei aquilo que uma grande metrópole tem para oferecer, desde a sua vasta oferta cultural e gastronómica, as docas, os concertos, os jogos de futebol, o jardim zoológico e algumas dezenas de eventos que só se encontram por essas paragens como foi a realização da Expo 98. Foram tempos de muita aprendizagem, naquela fase da vida em que nos julgamos imbatíveis.
Quando o nosso desejo de paternidade se instalou, a opção natural foi a de sair da grande metrópole e escolher uma pequena cidade de província que nos recebesse. A escolha natural foi POMBAL, terra natal da minha Mãe e da minha Avó materna e que tão bem acolheu nos anos 30 do século passado o meu Avô. Esta é a terra que acolheu gentes das mais variadas latitudes e longitudes, acolheu os nossos emigrantes no seu regresso às raízes e os seus filhos quando procuram um porto de abrigo, acolheu e ACOLHE!
Aqui encontramos tranquilidade, centralidade e simplicidade. Adoro comprar no comércio personalizado onde somos tratados pelo nome próprio e conhecemos muitas vezes quem nos atende como a um amigo. Adoro poder passear a pé pela cidade e encontrar dezenas de pessoas conhecidas. Partilhar alegrias, preocupações e tristezas. Adoro os pequenos clubes da nossa terra, as colectividades, as filarmónicas e todas as outras associações onde de forma mais ou menos genuína e desinteressada muitos voluntários dão o seu tempo em prol da sociedade. Adoro os amigos que nos ajudam de forma desinteressada sempre que precisamos e que não moram a 30 kms de distância mas apenas a breves minutos. Pombal, tal como Portugal, acolhe e recebe com carinho, somos mundialmente conhecidos por isso. Mas como em tudo na vida há um “mas”. Para que tudo isto faça sentido tem que existir algo nas nossas vidas cuja falta nos retringe a nossa liberdade, sem segurança não há liberdade. Este é um problema que consideramos existir apenas nas grandes metrópoles mas que por cá volta e meia mostra a sua face.
Um acontecimento recente fez-me reflectir e escrever este artigo. Um nosso concidadão foi vítima de violência brutal, um grupo de energúmenos agrediu-o e violentou-o de forma cobarde. Este acto, tal como outros ocorridos à mais ou menos tempo, revoltam-me. Faz parte da vivência em sociedade a existência de alguns delitos, decorrentes da impossibilidade de todos nos integrarmos da mesma forma. Por vezes o caminho mais fácil seduz de forma descontrolada jovens e menos jovens que dessa forma procuram conforto e bem estar material sem esforço, sem responsabilidades e sem deveres, apenas com direitos.
A nossa sociedade deve ser humana, caracterizada pelo apoio social para com os mais fracos ou desprotegidos e pelo suporte aos doentes ou incapazes. Estes devem ser os principais destinatários da contribuição que cada cidadão faz através das receitas ficais que diariamente ajudamos a acumular tal como as formigas, num trabalho do qual muitas vezes não se vê o resultado.
Cabe a cada um de nós, durante o nosso caminho de vida, construir o tipo de sociedade em que queremos viver e evitar que os prevaricadores sintam que o crime compensa ou que se fica impune. Podemos não ser juizes, polícias ou políticos com cargos de responsabilidade, mas cada um de nós pela sua conduta tem a capacidade de fazer a diferença por mais ténue e discreta que seja. Muitas vezes é mais cómodo nada fazer. Limitarmo-nos a enviar umas farpas aqui e ali. Não votar ou apenas cumprir de forma automática com esse dever cívico.
Porém isto não é suficiente!
Há que definir quais são os nossos valores, analisar e refletir sobre os problemas e participar.
Sugerir mudanças, apresentar projectos, contribuir para que se encontrem soluções.
Não será esta a nossa obrigação enquanto Pombalenses, Portugueses, cidadãos do nosso planeta e protectores da Humanidade?

Telmo Lopes
Responsável comercial
Militantes CDS-PP