Na Reunião de Câmara decorrida no início deste mês, os Pombalenses foram surpreendidos com a aprovação tangencial por parte do Executivo, da aquisição pela Câmara Municipal de Pombal (CMP) do edifício do Hotel Pombalense.
Como justificação para o negócio, além da vontade do prometente vendedor, terá sido essencial a suposta necessidade identificada pelo prometente comprador: adquirir um espaço que albergue serviços públicos e simultaneamente possa acolher um polo do Instituto Politécnico de Leiria (IPL).
Expressar antes de mais a minha felicidade pela assinatura do protocolo entre as duas entidades, CMP e IPL. Desejo que independentemente da natureza ou classificação dos cursos, os mesmos venham enriquecer a oferta educativa no Distrito e em especial no Concelho. No entanto e relativamente aos cursos que supostamente serão lecionados no próximo ano letivo é perceptível a pouca ligação existente entre as necessidades laborais do nosso tecido empresarial e alguma da nova oferta disponível. É fundamental que no âmbito regional e não só, exista um debate sobre a oferta educativa necessária; empresários, diretores, docentes, especialistas e jovens devem ser envolvidos nessa reflexão. A solução para a falta de mão de obra em setores como a agro-pecuária, a silvicultura, a construção civil ou a indústria, não pode ser apenas a entrada desorganizada e muitas vezes em condições desumanas de imigrantes. Este é um dos principais problemas do nosso País e parece ser ignorado pelos nossos governantes, incluindo os nossos autarcas.
O investimento ora previsto e nos moldes tornados públicos, carece de razoabilidade e o CDS-PP de Pombal espera que a seu devido tempo seja travado pela Assembleia Municipal.
Mas, tratando-se de dois milhões de euros, que se faça a reflexão e se analise outras questões. Por exemplo, dois milhões pagam quantas rotundas no IC2? A promessa da renovação do IC2 pelo Executivo cessante, na qual o Presidente Diogo Mateus se envolveu pessoalmente, continua por cumprir. Também preocupante é o facto da localização dos contentores onde vai funcionar o polo do IPL durante dois anos coincidir geograficamente com um novo acesso ao Parque Industrial da Formiga, previsto no projecto da IP-infraestruturas de Portugal. Ou seja, será que a prometida renovação ainda irá tardar no mínimo mais dois anos a ser iniciada!? Dois milhões chegam e sobram para renovar o Parque Desportivo que está aquém das necessidades, com a construção de um novo pavilhão e a execução das melhorias prometidas para o Pavilhão da Caldeira. Como pode a Câmara ser indiferente à existência de um protocolo com a Federação Portuguesa de Karaté para a construção de um Centro de Estágios em Pombal que está por cumprir… Dois milhões devem chegar para construir um Pavilhão que acolha de forma permanente a pista de atletismo existente, colocando Pombal em destaque no contexto desportivo internacional. Mais uma vez, garantir que as oportunidades criadas não são desperdiçadas. Dois milhões podem também ser suficientes para adquirir alguns prédios devolutos no centro histórico e promover junto da iniciativa privada um projeto de requalificação urbana habitacional para essa zona. Dois milhões de euros são muito dinheiro e o pior é que com esse montante se quer privar a cidade e a região de parte da oferta hoteleira existente, a qual segundo alguns já não é sequer suficiente para as necessidades. A função dos autarcas em termos económicos deve ser a de gerir o bem público, promover as condições necessárias para a iniciativa privada investir e criar as infraestruturas necessárias.
A ação deve ser criativa e não destrutiva.
#QueremosResponderAosPombalenses
Telmo Lopes
Filiado no CDS-PP
*Artigo de opinião publicado na edição impressa de 29 de Julho