Faleceu no último dia de 2022 o Papa Emérito Bento XVI.
Eleito a 19 de abril de 2005, aos 78 anos, depois de dois dias de Conclave, o cardeal Joseph Ratzinger, então Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, foi o 265º Papa da Igreja Católica.
Ao abdicar do seu pontificado por razões de saúde a 28 de Fevereiro de 2013, colocou fim, de forma algo precoce e talvez inesperada, ao seu percurso de pouco menos de oito anos de líder da igreja católica. Um pontificado bem mais breve do que o do seu predecessor, São João Paulo II, mas não menos intenso.
Na sua primeira encíclica, carta doutrinária dirigida aos membros do clero e a todos os católicos, “Deus caritas est” (Deus é amor), abordou os temas do amor e da caridade.
O amor em todas as suas conceções e a caridade como dever do povo católico na aplicação concreta do desígnio de amar o próximo. A Caridade manifestada como doação imaterial, seja de conhecimento, de ajuda, de tempo ou de compaixão entre outras ações, constitui uma das virtudes teológicas do ser humano e assume especial relevância no combate a uma sociedade individualista, egoísta, invejosa e desumana. A Caridade como partilha de um bem disponível e não no sentido de esmola que apazigua a alma do dador, que muitos lhe conferem.
No seu pontificado, Bento XVI, teve que enfrentar um período particularmente difícil para a Igreja, com a revelação pública de comportamentos inapropriados e criminosos praticados por diversos elementos do clero. A luta contra a pedofilia que marcou o seu pontificado, traduziu-se no grande aumento dos sacerdotes suspensos nos anos de 2011 e 2012 (400), assim como no número de bispos afastados pela gestão desapropriada do problema. Por diversas vezes o Papa falou do sucedido, encontrou-se com as vítimas ou seus familiares e pediu-lhes perdão.
A toda a Igreja, exige-se que consiga identificar os culpados e que permita a atuação da “justiça terrena”, nos casos em que tal se imponha. Paralelamente, deve continuar a acompanhar a evolução da sociedade, tentando recuperar o respeito perdido por parte da população mas mantendo viva a sua doutrina, principalmente através das suas ações.
A igreja católica, tal como defendido pelo papa Francisco, é chamada a uma “participação mais ativa na sociedade”, procurando formas concretas de colaborar na “construção de uma cultura fraterna baseada no direito e na justiça”.
Do concílio Vaticano II, realizado entre Outubro de 1962 e Dezembro de 1965, convocado e iniciado pelo Papa João XXIII mas terminado já sob o Papado de Paulo VI, decorre que “os fiéis leigos não podem de maneira nenhuma abdicar de participar na ‘politica’, ou seja na diversidade de ação económica, social, legislativa, administrativa e cultural, destinada a promover de forma orgânica e institucional o bem comum, que compreende a promoção e defesa da ordem pública e da paz, da liberdade e igualdade, do respeito da vida humana e do ambiente, da justiça, da solidariedade, etc.”
Esse envolvimento e compromisso será a melhor homenagem que enquanto católicos poderemos prestar ao Papa Bento XVI. Que Deus o tenha em eterno descanso.
Telmo Lopes
Presidente da CPC do CDS-PP de Pombal