HIC ET NUNC | O regresso

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Estamos praticamente no final do Verão, tempo para a maioria dos nossos emigrantes refazerem as malas, deixarem os seu familiares e amigos e regressarem aos mais variados cantos do mundo.
Apesar de não serem bem-vindos por muitos, nomeadamente pelas suas supostas atitudes de exibicionismo e arrogância, os Portugueses regressam ao nosso país, onde muitos deles cresceram e passaram sobretudo a sua infância. Mesmo que conheçamos alguns casos referidos anteriormente, não é esse o meu entendimento geral dos emigrantes, mas sim, alguém que foi em busca de melhores oportunidades de vida e deixou as suas famílias e amigos para trás. Independentemente de hoje em dia as novas tecnologias serem uma forma de minimizar as dores e as saudades, de as distâncias serem mais fáceis de ultrapassar, o contacto com os familiares no regresso ao seu país de origem é sempre um reencontro especial.
Por mais que lhes custe, partem com o coração cheio de vontade de voltar o mais breve possível, apesar de levarem os carros carregados de produtos portugueses no meio de toda a sua “tralha” levam também recordações, saudades e muita tristeza de mais uma vez não poderem ficar.
Mesmo considerando as crescentes remessas transferidas pelos emigrantes para Portugal e todos os gastos realizados, serem uma ajuda relevante para a nossa economia, nem sempre são tratados da melhor forma, principalmente no que diz respeito aos serviços estatais. É muito complicado quando vêm de férias a Portugal e precisam de renovar o cartão de cidadão, ou mesmo casar pelo registo civil e os nossos serviços não lhes oferecerem um serviço de qualidade. Falta de previsão para executar esses serviços devido a falta de pessoal, seja por estarem de férias ou por se encontrarem em greve. É assim que devemos tratar os nossos emigrantes, que por diversas razões foram obrigados a deixar o nosso país?
Neste momento Portugal está a passar uma crise de falta de mão de obra qualificada, principalmente nos setores da saúde, construção, hotelaria, restauração e turismo. Esta situação é notória e agravou-se muito após a pandemia, afetando serviços, e criando tempos de espera cada vez mais longos. Este problema pode tornar-se grave quando estamos a falar de sectores com receitas muito importantes para a nossa economia, no entanto, esta seria uma oportunidade para muitos dos nossos emigrantes regressarem, mas seriam necessárias melhores condições de vida, começando por melhores salários.
Segundo um estudo realizado pela Lusa em julho deste ano, mais de 70% dos emigrantes portugueses querem regressar a Portugal, no entanto, os baixos salários são a principal razão para não o fazerem. Apesar dos nossos políticos apresentarem cada vez mais medidas para os emigrantes, como o “Programa Regressar” ou os “Benefícios Fiscais para Residentes-Não-Habituais”, os emigrantes ainda não sentem que Portugal seja um país com a estabilidade económica necessária para manterem as suas condições de vida. Posso confirmar isto pelas diversas conversas que tive com familiares e amigos emigrados, porque apesar de Portugal já lhes proporcionar melhores condições de vida daquelas que tinham quando partiram, ainda assim ficam com receio de um dia terem de emigrar novamente.
Se no passado recente foi responsabilidade dos nossos políticos a enorme emigração, seria bom que assumissem a sua responsabilidade, e invertessem esta situação, quer seja com políticas nacionais quer seja de âmbito local.
Fica assim a despedida e um muito obrigado a todos os que nos visitaram durante este verão, esperando que um dia venham para ficar.

João Santos
Vice-Presidente da CPC do CDS-PP
#queremosresponderaospombalenses

*Artigo publicado na edição impressa de 01 de Setembro