No passado dia 24 o mundo foi confrontado com a invasão da Ucrânia pela Rússia, começando dessa forma um conflito que será conhecido, no mínimo, como o mais sangrento em solo Europeu desde a II Guerra Mundial. Neste momento é impossível prever qual será o desfecho desta guerra, as suas consequências económicas, o novo ordenamento geopolítico resultante, mas principalmente quantas serão as vidas humanas sacrificadas em nome da ganância, da inveja e da fome por poder. Na origem deste conflito está o poder absoluto de um tirano, um dos muitos que comanda a sua nação nos nossos tempos mas que para nosso azar nasceu na Rússia, um país com grande poderio bélico, reservas de minerais, importantes reservas de combustíveis fósseis e uma forte agricultura. Acresce a esta situação o falhanço das políticas europeias em áreas estratégicas como a energia, com a convicção que pela inclusão deste país na economia capitalista global se conseguiria controlar o seu ímpeto imperialista. Ao negociar-se com um tirano colocamo-nos numa posição semelhante a quando jogamos sueca com um batoteiro, todos sabemos as regras do jogo, o adversário sabe os nossos limites mas não hesita em prevaricar sempre que necessita.
O tirano, por definição, coloca a sua vontade e autoridade acima da lei e da justiça
O tirano, por definição, coloca a sua vontade e autoridade acima da lei e da justiça, desrespeitando-as sempre que necessário, de forma a alcançar os seus objetivos. É alguém que se convence que a sua condição quase divina lhe confere o poder absoluto e o torna indispensável para a organização que lidera.
Infelizmente, e claro que a outra escala, não é só no poder político que surgem estas personagens. Em associações, famílias, empresas e outras organizações sociais estes fenómenos de tirania acontecem e infelizmente demasiadas vezes. O poder prolonga-se no tempo e não raras vezes o tirano, mesmo quando já não exerce o cargo, continua convencido que deve ser ele a comandar a organização porque esta deixará de existir se ele deixar a “liderança”.
Nenhuma organização deve ter importância inferior ao seu líder mesmo que este seja o seu fundador ou assuma importância histórica determinante. A continuidade de uma organização depende da capacidade de a liderança se renovar, contribuindo com a sua experiência e conhecimento para o decorrer deste processo sem turbulência. Deste modo, a nossa missão nas organizações em que estamos envolvidos é tentar de forma pacífica, legal e respeitosa contribuir para o afastamento dos tiranos.
É por isto que a resistência ucraniana é muito importante, a deles e a nossa também, em todas as batalhas, em todas as frentes!
Sempre a favor da democracia e sempre contra a tirania.
Telmo Lopes
Filiado do CDS-PP
*Artigo de opinião publicado na edição impressa de 17 de Março