Homenagem

0
2567

Pretendemos, aqui e agora, prestar a nossa singela homenagem aos Homens e Mulheres que dão o seu melhor pela causa dos Bombeiros na pessoa do nosso saudoso amigo e companheiro António Manuel Alexandre, que foi a sepultar no passado dia 1 de Abril.

Tivemos conhecimento que o António Alexandre sofreu um acidente de trabalho na Sexta-feira, dia 28 de Março.
Foi um choque para a sua família, para a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Pombal, para o seu Corpo de Bombeiros e, particularmente, para a 4ª Companhia sediada no Louriçal.
O site da Associação, no dia 29 de Março de 2014, um Sábado, regista que:
“É com um enorme pesar que informamos o falecimento do Bombeiro António Manuel Alexandre, Bombeiro de 3ª do Quadro Ativo da 4ª Companhia dos Bombeiros Voluntários de Pombal.
A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Pombal está de luto.
Os nossos sinceros sentimentos à família.
Descansa em paz, Amigo”.
No mesmo dia o Diário de Coimbra notícia: “Bombeiro Morreu Colhido por Máquina em Obra no Louriçal.
Trabalhava numa empresa de obras públicas e foi apanhado quando a máquina fazia marcha-atrás.
Um elemento do Corpo Activo dos Bombeiros Voluntários de Pombal faleceu, na sexta-feira à tarde, em consequência de graves ferimentos provocados por uma máquina que o esmagou, na obra em que se encontrava a trabalhar.
António Manuel Alexandre, de 62 anos, encontrava-se, cerca das 15h30, numa zona de obras onde a empresa em que trabalhava se encontrava a proceder à pavimentação de uma estrada, quando se deu o acidente que se revelaria fatal.
Segundo o próprio filho, Jorge Alexandre, que chefia a 4ª Companhia dos Bombeiros Voluntários de Pombal, situada no Louriçal, trata-se “de um acidente de trabalho”, explicando que “a máquina estava a fazer marcha-atrás, apanhou-o e ele ficou entalado”.
Os bombeiros, nomeadamente a Companhia do Louriçal, deslocaram imediatamente vários meios para o local e conseguiram libertar o homem, tendo iniciado o transporte para o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.
Contudo, apesar de todos os esforços, António Manuel Alexandre acabaria por falecer, já em plena cidade de Coimbra, mas ainda dentro da ambulância de socorro.
Tal como o filho, a vítima também era bombeiro, de 3ª na 4ª Companhia dos Bombeiros Voluntários de Pombal, no Louriçal, freguesia onde também residia.
A agência funerária que vai tratar deste funeral explicou que, uma vez que a autópsia só amanhã terá lugar, no Instituto Nacional de Medicina Legal, é provável que o homem só venha a ser sepultado na terça-feira.
Na sua página do Facebook dos Bombeiros Voluntários de Pombal, a Associação Humanitária informa o falecimento, manifestando-se de luto”.
A Missa foi presidida pelo Pároco, Rev. Padre Virgílio Miranda Neves que teceu rasgados elogios ao António Manuel Alexandre pelo exemplo que deu durante toda a sua vida.
O Rev. Padre Virgílio Neves despediu-se do António com um desejo: Até um dia.
Antes da encomendação usaram da palavra, por esta ordem, o Chefe Reinaldo Dinis, o Comandante e o Presidente da Direcção.
O Chefe Reinaldo Dinis leu a homenagem da 4ª Companhia:
“António Manuel Alexandre
A Rua da Fonte ficou mais triste, o Louriçal ficou mais triste.
Marido, pai, trabalhador, honesto, sério, simples, dedicado e Bombeiro Voluntário, no verdadeiro sentido da palavra.
Inscreveu-se como voluntário em Junho de 1986, sendo portanto um dos trinta pioneiros que deram rosto à, então, 6ª Secção destacada no Louriçal, hoje 4ª companhia.
Grande parte das obras efectuadas no Quartel do Louriçal têm o seu cunho.
Foi pela mão dele que paredes se ergueram e prontificou-se sempre para ajudar e fazer os melhoramentos necessários que oferecessem melhores condições de trabalho aos bombeiros.
Envolveu-se em tudo o que podia para angariação de fundos sempre destinados aos equipamentos, protecção dos bombeiros e benefícios das instalações.
Sempre sem querer nada em troca, sempre Voluntário, sempre a custo zero.
Como Bombeiro era o primeiro a dar o exemplo no combate ao inimigo fogo, que tantas vidas já ceifou….
Era o primeiro na frente de fogo, o homem da agulheta e não temia o inimigo.
Deixou-nos de forma inesperada, mas deixou obra, deixou um legado.
Deixou o exemplo como homem para os colegas mais novos e deixou um filho que, desde tenra idade, convivia com os bombeiros.
Esse filho é hoje o líder da 4ª Companhia no Louriçal.
Cumpria sempre com os seus horários, com os piquetes, com os seus deveres como Bombeiro e, muitas vezes, ao estar de serviço, como tantos outros, passava a noite em branco a socorrer quem precisava e de madrugada seguia para o seu emprego.
Sempre a custo zero… Voluntário.
Estamos e estaremos sempre contigo e vamos ter saudades tuas.
Para onde quer que vás… que Deus te proteja e acompanhe.
Até sempre Toino Alexandre”.
O Comandante leu o seguinte elogio fúnebre:
”António Alexandre, este é de todos os momentos, o momento em que nós não te conseguíamos imaginar.
Guardamos-te a força, a coragem, a determinação, a amizade e o exemplo de um Bombeiro com a fénix gravada no coração.
Aos que têm uma sombra por tua causa, aos que têm casa por tua causa, aos que vivem por tua causa, aos que choram por ti e principalmente aos que hão de ouvir dizer o teu nome; porque homens como tu duram para sempre, na memória dos que almejam seguir-te.
O Estandarte está fardado de negro e hoje somos nós que te protegemos com a nossa bandeira.
Hoje somos nós que te amparamos com as nossas mãos.
Hoje o teu carro há de levar-te na tua última guarnição.
António Alexandre toma conta de nós.
Descansa em paz”.
O Presidente da Direcção leu o seguinte Réquiem pelo António Manuel Alexandre.
“Rosalina, permita-me tratá-la assim.
Jorge Miguel, Ana Catarina, Isabel Patrícia.
A Direcção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Pombal está convosco nesta hora de luto e de dor pelo falecimento do vosso mui querido marido e pai.
Também os restantes Órgãos Sociais da Associação estão convosco na dor do adeus ao muito estimado António Manuel Alexandre.
O António Alexandre foi um exemplo de amor a uma causa nobre:
A dos Bombeiros, cuja missão punha muitas vezes à frente da família e do trabalho.
Que as gerações futuras persigam os valores que o António toda a vida praticou.
António, despeço-me, até um dia, com o poema, de Mia Couto, Morte Silenciosa: “A noite cedeu-nos o instinto/para o fundo de nós/imigrou a ave, a inquietação/Serve-nos a vida/mas não nos chega:/somos resina/de um tronco golpeado/para a luz nos abrimos/nos lábios/dessa incurável ferida/Na suprema felicidade/existe uma morte silenciada”.
Estiveram presentes no funeral o 2º CODIS, Comandante Luís Lopes, o Presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito de Leiria, Comandante Mário Cerol, o Comandante João Paulo, dos Voluntários de Soure, o Comandante António Marques dos Voluntários de Ansião e os Corpos de Bombeiros de Soure, Alvaiázere, Ansião, Figueiró dos Vinhos, Pedrógão Grande, Maceira, Ortigosa e de Vieira de Leiria.
O Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Associação, Senhor José Manuel Carrilho, tinha decidido adiar a Assembleia do dia 28 de Março para o dia 11 de Abril, uma Sexta-feira, pelas 21.30 horas.
A Assembleia Geral funcionou à hora regimental, no dia 28 de Março, tendo o Presidente da Mesa aberto a sessão e explicado aos Associados as razões pelas quais tinha decidido o seu adiamento.
Fez-se um Minuto de Silêncio pelo falecimento daquele nosso companheiro e o Presidente da Mesa encerrou a sessão.
Um agradecimento ao Comando, ao Corpo de Bombeiros e, em particular, à 4ª Companhia dos Bombeiros Voluntários de Pombal, sediada no Louriçal, pela forma exemplar como organizaram as Cerimónias Fúnebres.
António Alexandre, até um dia!

Rodrigues Marques