A Covid-19 mudou radicalmente o quotidiano das populações, mas foi junto dos grupos considerados de risco que os impactos foram mais significativos. Na Santa Casa da Misericórdia da Redinha (SCMR), tal como nas Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) de apoio a idosos, o centro de dia fechou portas, mas “também fechou a porta da habitação das pessoas idosas”, como refere Mário Sacramento, provedor da instituição. “Fechar a porta para proteger um grupo de risco”, mas que, para a SCMR não é sinónimo de “total isolamento”, nem de “prisão ou solidão”.
“A pandemia obrigou a nossa Misericórdia, a par de muitas outras, a realizar muitos ajustes e reajustes, sendo actualmente assegurado às pessoas idosas que integram as nossas respostas sociais (Centro de Dia e Serviço de Apoio Domiciliário) somente a satisfação das necessidades básicas, ainda que saibamos que ficamos aquém das necessidades” dos utentes.
É neste quadro que surge o “Gulbenkian Cuida”, um concurso destinado a apoiar organizações da sociedade civil que cuidem de pessoas idosas, no âmbito do Fundo de Emergência para dar resposta à pandemia pelo novo coronavírus. A Santa Casa da Misericórdia da Redinha candidatou-se com o projecto (CON)VIVER e, a par de outras 68 instituições do país, foi uma das distinguidas, no passado dia 22 deste mês, no âmbito desta iniciativa.
Graças a este apoio, o (CON)VIVER passará a apoiar, a partir do dia 1 de Maio, 50 pessoas idosas que integram as respostas sociais da SCMR com um leque de serviços alargado, todos prestados no domicílio. É a única IPSS do concelho abrangida por este apoio.
O projecto (CON)VIVER está orçado em 15.432,46 euros, sendo totalmente financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian em cooperação com o Instituto de Segurança Social. Permitirá alargar a intervenção da animação sociocultural, garantir o acompanhamento psicológico das pessoas idosas, adquirir o sistema interativo siosLife móvel e, ainda, reforçar o stock de equipamentos que possibilitam o fornecimento das refeições, revela Mário Sacramento. Segundo o provedor, a intervenção não corresponde a algo inovador, mas pretende dar “uma resposta às necessidades efectivas de uma população que se prevê que fique confinada ao seu domicílio por longos meses e a que a Misericórdia da Redinha não pode ficar indiferente”. Neste contexto, “(CON)VIVER promove a socialização, a qualidade de vida, a manutenção dos laços familiares à distância, a saúde e um processo de envelhecimento activo e saudável com a dignidade que lhe é devida, mesmo em tempos de Pandemia”, remata aquele responsável da instituição.