Nelson Lobo Rocha, considerado o “pai” do Museu de Arte Popular Portuguesa, instalado na cidade de Pombal, morreu esta quinta-feira, 9 de Abril, aos 84 anos de idade.
O espaço museológico, instalado no edifício do Celeiro do Marquês, abriu portas em 2001 resultado da doação de milhares de peças de artesanato que constituíam a colecção particular de Nelson Lobo Rocha, reunidas ao longo de mais de três décadas de contacto e convívio com os próprios artesãos.
Nascido em Coimbra, mas registado como natural de Mortágua, Nelson Alberto Ferreira Lobo Rocha ingressou, em 1958, nos quadros da Fundação Calouste Gulbenkian, no Serviço de Bibliotecas Itinerantes e Fixas. Ali exerceu actividade até 1998, ano em que se aposentou. Na Fundação Gulbenkian foi membro do Conselho de Leitura e Informação Crítica, membro do Conselho Geral de Trabalhadores e membro do Órgão Colegial do Serviço de Bibliotecas, tendo presidido a várias comissões de avaliação para promoção de funcionários. Foi presidente vitalício do Grupo de Reformados das Bibliotecas Itinerantes e Fixas da Fundação Calouste Gulbenkian.
Radicado desde há alguns anos na cidade de Pombal, elegeu sempre a cultura como sua única pátria, tendo realizado exposições de fotografia, escultura e colagens em vários pontos do país. Foi fundador e actor do T.E.M. – Teatro Experimental de Mortágua e poeta fundador e colaborador do Círculo de Poesia de Lisboa. Colaborou com vários jornais, como “Diário de Lisboa”, “Rio Maior”, “República”, “Diário do Alentejo”, “Voz de Gouveia”, “Defesa da Beira”, “O Eco” e “O Correio de Pombal”.
Organizou várias exposições de trabalhos seus, nas áreas da fotografia, escultura em madeira e pintura, designadamente em Pombal, Coimbra, Lisboa, Mortágua, Cantanhede, Miranda do Corvo e Abrantes.
Foi fundador da Associação de Defesa do Património de Pombal e organizou o Museu do Bombeiro e da respectiva Sala dos Beneméritos, dos Bombeiros Voluntários de Pombal, tendo recebido da instituição uma Menção de Mérito. Era actualmente confrade fundador da Confraria do Bodo.
“Ao longo da sua vida, viveu para a causa da cultura nas suas múltiplas vertentes. À cultura deu o melhor do seu saber, prestando relevantes serviços à comunidade, colaborando e organizando as primeiras feiras de artesanato e feiras do livro em Pombal”, referia a Câmara Municipal de Pombal, em 2012, quando lhe atribuiu a Medalha de Mérito Cultural, grau ouro. Em 2001 já tinha sido distinguido com a Medalha Municipal de Cultura, em bronze.