Passaram os dias a-gosto. Entre grânulos de areia que se desfiam por entre os dedos, qual ampulheta em contagem que relembra que os melhores momentos são aqui e agora, antes que esses grânulos se escoem sem nos apercebermos. Entre noites tropicais, como as bebidas e as frutas de um verão que, de ano para ano, tem ensinado que gosta de ir por setembro dentro, como quem altera as regras de um jogo em que as quatro estações avançam e recuam nas 365 casas do tabuleiro. Entre céus fumegantes e sóis com luz ofuscada (da tonalidade da necrose foliar) que recordam o quão importante seria preservar mais e melhor o que é de todos. Entre pulsos sem tempo cronometrado, telemóveis sem despertadores milimetricamente programados e agendas descomprometidas.
Nas prateleiras nos hipermercados e demais estabelecimentos comerciais gritam cadernos, canetas e capas numa ânsia desmedida. Há um mês que, apesar das temperaturas também desmedidas, nos aproxima cada vez mais do solstício de inverno, deixando para trás aqueles dias a-gosto mas abrindo a possibilidade a outros igualmente bem temperados (bastando, para tal, saber saboreá-los e desfrutá-los).
Entretanto, há uma pseudo-metamorfose nos tempos de quem trabalha na Educação porque a Escola não se fecha, mas há um odor a renovação a cada ano letivo que se inicia, fresco. Escuta-se “Bom Ano” nos corredores, quando para o Ano Novo ainda falta um pouco mais. Há horários (a)fixados e aglomerados de reuniões. Há rostos novos e outros renovados. Cheira a mudança e a novos voos. Há livros que já ensinaram outros jovens estudantes e agendas com cheiro a papel virgem, mas objetivos que permanecem: procurar fazer com que todos os agentes educativos encontrem na Escola um lugar com significado. E a Educação de Adultos não é exceção, mesmo que a nossa Escola não seja apenas essa entre quatro paredes, mas toda a outra, lá fora, que faz da nossa Cidade uma verdadeira Cidade Educadora.