16 de agosto de 2018.
Uma pesquisa rápida na base de dados da Biblioteca Municipal de Pombal fez emergir, em segundos, a cota d’ “A rapariga que sonhava com uma lata de gasolina e um fósforo”. Saía dali, no dia em que se comemoravam 27 anos de elevação de Pombal a cidade, com uma das próximas leituras a-gosto na mão.
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Em 1991 Pombal (trans)formou-se. 16 de agosto: a vila não seria mais vila. A partir de agora era vê-la cidade.
Assumiria, então, um compromisso e uma responsabilidade para a vida: uma metamorfose que lhe ficaria impregnada no sistema linfático e que fluiria em todas as suas artérias: desde a aorta (a Avenida principal) às que nela desaguam – direta e indiretamente –, oxigenando a matriz local.
Cresceria em infraestruturas, habitações, vias de acesso, serviços, eventos, espaços, tempos e tecido – humano, social, cultural e industrial. E cada uma destas possibilidades abrir-se-ia num renovado potencial educador, levando a viver a (e na) cidade, tal como Jaume Trilla considerava quando definia “cidade educadora”: local privilegiado de oportunidades que dotam o seu património de capital educativo, permitindo “aprender na cidade”, “aprender da cidade” e “aprender a cidade”… porque educação não significa, estritamente, escola. Nem se restringe ao desenvolvimento intelectual. Implica todas as pessoas, autoras das suas histórias (de vida), que pertencem a um determinado lugar e com ele mantêm vínculo, criando diversas formas de aprender e estabelecendo diferentes leituras do mundo. É assim que, na realidade, o conceito de “cidade educadora” concebe o meio urbano enquanto contexto, agente e conteúdo da educação.
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Faria uma paragem no Jardim do Cardal, que acolheria uma tertúlia intitulada “Pombal em Desenvolvimento: Mobilidade, Regeneração, Políticas Urbanas”. Mais do que um mero espaço de reflexão conjunta sobre algumas das principais alterações ocorridas nos últimos anos, constituiu-se também como um momento em que se partilharam ideias sobre o futuro da cidade.
Se tudo é e está perfeito? Acredito que não. Mas, perfeito, só o pretérito. Por isso, defendo que caminhar pela cidade é sempre, para quem o pretenda e esteja disposto a sentir, uma agradável revelação. E que tão ou mais importante do que elevar uma localidade a cidade é estimá-la e levá-la a construir-se e desenvolver-se dia-a-dia: física e psicologicamente. Como se de uma pessoa se tratasse.