Dezembro significa, para muitos seres humanos, o último capítulo de mais um livro. Ou um fascículo. Uma esperança renovada que, ao suspirar de cada dia que se aproxima do epílogo, traz alento e utopia. E promessas. Muitas! Que este ano será diferente. Será “o” ano. Que se vai iniciar “aquela” dieta. Estar mais com as pessoas. Ir (e rir) mais. Fazer mais e diferente. Mas de que adianta ingerir doze passas ao ritmo de cada badalada, da sirene e dos foguetes de lágrimas se, depois, no tal novo capítulo, o tempo simplesmente… passa? E, em lágrimas (metafóricas ou catárticas) se conclui no epílogo que, afinal, (quase) tudo foi igual?
Por esta altura há vontades desmedidas, compras corridas, filas compridas. Há muitos presentes e poucas presenças. Há, entre gentes, laços sem abraços. E abraços que não enlaçam nem adoçam. Porque (já) não está quem os dê.
É também para isso que a educação para os valores procura sensibilizar: desprender do material, cultivar o que floresce do coração e (per)dura para além das horas vazias que simplesmente passam.
E é isto que seria positivo que existisse agora e em qualquer dia porque o Natal não é hoje, mas sempre que o quisermos: uma sábia visão estratégica para, das adversidades, dos ventos agrestes e impiedosos, debaixo das nuvens cinzentas, das amarguras, dos (des)encontros, dos momentos tremidos, da reversa dos (e aos) silêncios e de sabe-se lá de que mais: (Re)inventar, (Re)acreditar e (Re)construir. E fazer. E, mais do que isso, fazer acontecer. De forma genuína e partilhada. Mas, sempre, com e por amor. Porque não faz sentido se assim não for.
Isabel Moio