No passado dia 5 de outubro celebrou-se o Dia Mundial do Professor, que pretende homenagear todos os profissionais que contribuem para a educação e para o ensino. Atrevo-me a dizer que este dia pode ser de todos nós e ser celebrado todos os dias, se considerarmos que todos ensinamos e aprendemos diariamente, o que faz de nós professores e, simultaneamente, alunos. No entanto, aquele Dia, proclamado pela UNESCO em 1994, pretende direcionar a atenção para o papel fundamental que o Professor assume na sociedade, na transmissão de conhecimento(s) e de saber(es), procurando fazer dos alunos seres curiosos e críticos. Releva, assim, todos aqueles e todas aquelas que optaram pelo ensino como forma de vida e como veia profissional, dedicando o seu dia-a-dia a ensinar crianças, jovens e adultos.
Desde 1994, o dia 5 de outubro é comemorado um pouco por todo o mundo. Em Portugal, porém, as celebrações são abafadas – permanecendo ofuscadas, na penumbra – devido à comemoração da Implantação da República.
Mas… e quando a rua (também) é professora? Sim, porque se observarmos, nos deixarmos envolver e encantar e se participarmos, facilmente verificamos que a rua também nos ensina. Não me refiro apenas às ruas do coração da cidade… com chapéus coloridos cobrindo o céu das artérias históricas, oferecendo obras se “Street Art” em paredes despidas e em fachadas de prédios até então tímidos e discretos, debitando poesia sob a forma de música e dança em montras e varandas, anunciando a primavera com exposições de espantalhos nos jardins e arranjos florais deitados às entradas de estabelecimentos comerciais, apresentando-nos a singularidade de estátuas vivas barrocas, permitindo-nos saborear o típico queijo do Rabaçal e outras iguarias em feiras medievais, surpreendendo-nos com teatro de rua, convidando concelho e além-concelho a visitar a tradicional Festa do Bodo e o Mercado de Natal, revisitando tradições através da recriação da desfolhada e mantendo viva a Festa do Santo Amaro.
Refiro-me, também, àquelas ruas onde andávamos de bicicleta até anoitecer, saltávamos à corda, brincávamos às escondidas e jogávamos à macaca desenhando com um caco os traços no chão, sem conhecer os perigos e as ameaças que, hoje, esbatem esta liberdade e inibem o potencial e a vida que, outrora, tão bem caracterizavam esses espaços. E ainda aos adros das igrejas e aos antigos largos da feira (que, pelo menos, fazem parte das memórias e das Histórias de Vida de muitos), aos jardins e aos parques frescos (palcos de um jogo de cartas e de uma conversa ocasional), às eiras (que, embora particulares, transformavam-se em autênticos espaços de partilha proporcionando bailaricos ao som de um gira-discos) e às fontes e às nascentes de água (verdadeiros lugares de encontro e de convívio)…
Relembrar tempos não muito distantes imprime um certo saudosismo na corrente sanguínea. Não sentirão saudades, também, estas ruas e estes lugares?