Há um cordão umbilical que liga a Educação a espaços que não foram tradicionalmente concebidos como cenários educadores. Talvez a afinidade profissional com a Educação informal e não-formal – aquela que acontece fora dos bancos de edifícios formatados e para lá das paredes das salas de formação e dos muros das escolas – aumente essa perceção e alimente a seiva que circula nesse cordão, fazendo-o latejar e existir. Ou, simplesmente, estimule e fomente a capacidade para assim o sentir.
Vestindo esse olhar informal e não-formal, toma-se consciência de que é possível extrair de cada oportunidade uma nova forma de aprender. E foi isso que aconteceu em pleno coração de Pombal, durante o dia 8 de setembro. Curiosamente, o Dia Mundial da Alfabetização, que é muito mais do que a simples aprendizagem (e domínio) da leitura, da escrita e do cálculo, pois ajuda-nos a ampliar a capacidade de visão e a compreender melhor esta casa que é o mundo (que nos habita e que habitamos), favorecendo uma atuação mais consciente, iluminada e informada.
No Jardim do Cardal, na 1.ª edição do BioArtes (projeto comunitário nascido de uma parceria da Junta de Freguesia de Pombal com a ADAP – Associação de Artesãos de Pombal, à qual se juntaram vários parceiros), (re)uniram-se artes e ofícios, ecologia e agricultura biológica, cultura e tradição, jogos e talentos, quinta pedagógica e jardins verticais, música, partilha… e muito mais. Durante aquele dia, um dos espaços mais carismáticos de Pombal transformou-se numa escola viva, emanando uma força anímica que não deixou indiferente quem por lá passou. Houve espaço e tempo para todas as idades, interesses e curiosidades. Para quem pretendeu ir de manhã, de tarde e à noite. E até para quem por lá ficou, a convite de um sol adocicado e de um ambiente acolhedor, numa perfeita simbiose com o que se deseja de uma verdadeira Aprendizagem ao Longo (e em todos os espaços) da Vida.
Foi possível desenhar, mexer (n)a terra, dançar, conhecer, saborear, partilhar, aprender, observar. E, um dos expoentes da vida em sociedade: conviver, criando e fortalecendo laços. Na realidade, Aprender a Conviver com os Outros é um dos quatro pilares da Educação. A par do Aprender a Ser, Aprender a Fazer e Aprender a Conhecer (contemplados na obra “Educação: um Tesouro a Descobrir”), constituem os alicerces do conhecimento e do crescimento humano. Também aquele jardim, palco de aprendizagens, trouxe o desafio da convivência e tornou real a participação num projeto comum e a descoberta do prazer no esforço partilhado, num exemplo de cidadania ativa como caminho de entendimento e valorização.
É necessário, por isso, selecionar as melhores sementes – aquelas cujos frutos, em valores transformados, se pretendem colher – para absorver das oportunidades criadas os saberes que se transmitem de geração em geração (como parte integrante de um património social e identitário) e os sabores de que se revestem. Só assim aquele cordão umbilical continuará a existir, provando que a Educação pode acontecer em lugares (e formas) menos convencionais… e que ainda há muito(s) tesouro(s) a descobrir.
Isabel Moio