O antigo presidente da Câmara de Pombal e actual vereador da oposição, Narciso Mota, voltou a criticar a gestão do seu sucessor e seu ex-vice-presidente, Diogo Mateus.
Na última reunião do executivo, o agora autarca independente acusou o edil social-democrata de não ter “poder nenhum de decisão” nem “determinação” e “objectividade”, mas sim, e só, “competência política” limitando-se a fazer “propaganda política”.
O verniz estalou, mais uma vez, quando o assunto em discussão se referia à empreitada de beneficiação da Casa Varela. Depois de o executivo ter renunciado o contrato com o empreiteiro por incumprimento de prazos, em cima da mesa estava a adjudicação de uma nova empreitada, por mais de 517 mil euros.
Narciso Mota sempre criticou aquela empreitada e voltou a fazê-lo na reunião do passado dia 12, chegando a afirmar que o processo “devia ser investigado”, levando o presidente da Câmara a perguntar-lhe se queria que o município requeira “uma investigação à Polícia Judiciária”.
Para além de criticar o projecto de beneficiação do imóvel, adquirido durante a sua presidência, o vereador eleito pelo movimento Narciso Mota Pombal Humano (NMPH), discorda que a primeira empreitada tenha sido adjudicada ao único concorrente, de Bragança, e esta segunda só ter tido dois duas propostas. “Este processo devia ser esclarecido e averiguado”, afirmou, dirigindo algumas críticas ao pelouro das obras públicas, dizendo ao vereador que tutela a pasta, Pedro Murtinho, que “ainda tem muitos para aprender”.
A discussão levou a que, pouco depois, Diogo Mateus tenha acusado o seu antecessor de “ter assinado um acordo que não cumpriu”, relativamente a um conflito com uma munícipe de Abiul e que acabou com o tribunal a ordenar ao município o pagamento de uma indemnização superior a 500 mil euros. “Também pode olhar para trás e ver que fazendo, ou não fazendo, pode prejudicar esta casa”, disse o presidente da Câmara.
Narciso Mota não demorou a responder. “A sua ingratidão, a sua inveja e a sua vingança é plausível, é evidente”, afirmou o vereador dirigindo-se ao edil, considerando que “a história faz-se no futuro e saber-se-á onde está a verdade, onde está a imparcialidade, a competência, o revanchismo, a vingança e a inveja”. “O senhor não era nada se não fosse eu a pô-lo aqui como vereador”, frisou, dizendo que se candidatou nas últimas eleições “porque o senhor não respeitou aquilo que assumiu comigo”.
“Esta Câmara está muito mal se continuar assim a fazer propaganda, e a fazer gestão que eu considero contraproducente”, concluiu Narciso Mota, sem ter havido qualquer resposta por parte de Diogo Mateus, que prosseguiu com a reunião de Câmara, passando à apreciação do ponto seguinte constante na ordem de trabalhos.
A nova empreitada de beneficiação das instalações da Casa Varela, que prevê a execução de obras de acabamentos na sequência da renúncia de contrato com o empreiteiro anterior, foi adjudicada à Soteol – Sociedade de Terraplanagens do Oeste, Lda, pelo valor de 517 mil euros, mais IVA, e com um prazo de execução de 240 dias.
A adjudicação foi aprovada pela maioria social-democrata, com dois votos contra (vereadores do NMPH Narciso Mota e Anabela Neves) e uma abstenção (Odete Alves). A vereadora socialista considerou que “pede-se que seja uma obra imaculada” uma vez que “não pode haver derrapagens de prazos”. Daí ter dito que ficava “um bocadinho preocupada se a Soteol terá condições para cumprir o prazo”, tendo em conta “o passado muito recente” com a construção do Centro Escolar de Meirinhas em que aquela empresa “não conseguiu concluir as obras na data prevista”. “Fico com esta hesitação”, frisou.