Uma boa nutrição parece cada vez mais ter influência na saúde, em concreto na saúde mental, bem como o exercício físico e o sono. E tendo em conta os tempos de pandemia Covid-19 que atravessamos, é importante obtermos informação válida, com fundamento científico, que nos permita tomar melhores decisões para a saúde de cada um de nós e para as suas respetivas famílias.
De acordo com um estudo, as mulheres são mais propensas do que os homens, a sofrer transtornos mentais com o impacto direto de uma má alimentação e da falta de exercício físico.
Os pesquisadores da Universidade de Binghamton (Nova Iorque) que realizaram o estudo referido anteriormente, concluíram que quando ingerida uma dieta regular de frutas e legumes verdes, mostraram melhorar significativamente o humor de uma pessoa, especialmente nas mulheres.
Estes investigadores também concluíram que existe uma relação entre comer saudável e o exercício físico, o que pode levar a uma melhor saúde mental a partir dos 30 anos. As descobertas encontradas neste estudo sugerem que quanto mais a alimentação (nutrição) é cuidada, menor é o risco de distúrbios, como depressão, ansiedade e stress.
Lina Beg, investigadora responsável por este estudo, afirma o seguinte: ”A fast food, o não fazer o pequeno-almoço, a cafeína e alimentos com alto índice glicémico (ex: alimentos mais doces) estão associados ao stress mental em mulheres maduras”, e esta investigadora refere também que as frutas e os vegetais de folha verde estão associados ao bem-estar mental.
A investigação também observa que a introdução de exercício físico, levou as pessoas a opções alimentares mais saudáveis.
O Psicólogo Clínico do Centro de Neurociência do Dubai, Dr.Fabian Saarloos, refere o seguinte: ”Dieta e exercícios, ou pelo menos movimentos físicos, são essenciais para fornecer ao cérebro produtos químicos que criam neurotransmissores, bem como criar um estado e anatomia para o cérebro funcionar, e eventualmente produzir todas as novas experiências”. Este Psicólogo afirma também o seguinte: “Um déficit de certos nutrientes, como a gordura, os aminoácidos, as vitaminas e os minerais leva a desequilíbrio e desregulação de neurotransmissores, e, portanto estados emocionais desagradáveis como tristeza e ansiedade.
O Dr.Fabian, no seu trabalho de consultas, observou uma alta correlação entre as mulheres com ansiedade e depressão, que estavam diretamente relacionadas com distúrbios relacionados de uma má alimentação, exercício físico e escolhas inadequadas de estilo de vida.
Para que o cérebro esteja a funcionar de forma mais funcional, ele precisa de estar saudável e bem conservado, e nesse sentido, o estilo de vida tem um papel decisivo.
No referido estudo, os investigadores descobriram que os padrões alimentares não saudáveis, o nível de stress mental era maior nas mulheres do que nos homens, e verificou-se, as mulheres são mais suscetíveis a comer não saudável do que os homens.
A Psicóloga do Centro de Bem-Estar do Dubai, a Dra.Dina Zalami, disse que uma visão holística sobre o autocuidado é importante para tentar manter a saúde mental, no entanto, ela acrescenta o seguinte: “Uma dieta pobre pode ser um dos fatores que contribuem para o desenvolvimento de transtornos de saúde mental, como a ansiedade, a depressão e os transtornos alimentares”. Refere ainda que “os baixos níveis de zinco ou de ferro podem contribuir para o mau humor ou ansiedade, e até mesmo desencadear o desenvolvimento de um transtorno alimentar”.
Apesar de a sociedade reconhecer a importância de um estilo de vida saudável, existe uma luta muito grande em conseguir manter a consistência, e aí a metodologia de coaching parece ajudar, isto de acordo com alguns estudos que apontam nesse sentido.
A psicóloga realça o facto de fazer escolhas mais sólidas, uma abordagem mais holística, focar no autocuidado (boa higiene do sono, padrão alimentar equilibrado, atividade física, etc) pode ajudar a iniciar o processo para um melhor bem-estar.
Por outro lado, sabe-se também que o exercício aeróbio ajuda a manter os neurotransmissores cerebrais que melhoram o humor e a função cognitiva. Para além disso, este tipo de exercício também pode ajudar a reduzir os níveis de cortisol (hormona do stress), originando uma sensação de calma e tranquilidade.
Relativamente à nutrição, o consumo equilibrado dos micronutrientes (vitaminas, sais minerais) permite o funcionamento ideal dos processos metabólicos responsáveis pela produção de energia, função cognitiva e bem-estar geral.
A ciência está cada vez mais a dar relevo ao microbioma (população de bactérias presentes no intestino) e o seu impacto no estado mental, de uma pessoa, sendo muito evidente a relação bidirecional entre o cérebro e a saúde do intestino.
O primeiro passo para apoiar a saúde do intestino é aumentar o consumo de fibras alimentares variadas (ex: cereais integrais, leguminosas, fruta, legumes/hortaliça da época, frutos secos, pão de mistura, aveia, linhaça, sementes, arroz integral, etc) na sua alimentação.
Cuide da sua saúde! Cuide da saúde da sua família!
Até breve!
António Cordeiro
Nutricionista
0728N
anto_cordeiro@sapo.pt