As cidades concentram hoje a maioria da população, das atividades económicas e da riqueza, constituindo os lugares de maior potencial para a dinamização do crescimento económico e do emprego, da competitividade e da inovação. Não obstante, são simultaneamente os lugares onde mais se verificam os impactos ambientais e fenómenos de exclusão social, com consequências para a qualidade de vida dos seus cidadãos.
A resposta a este desafio será verdadeiramente transformadora da forma como se encaram alguns dos aspetos mais determinantes da nossa vida em sociedade, em particular no que diz respeito à forma como se pensam as cidades e os espaços de habitação, à relação com a produção e utilização de energia, à forma como nos deslocamos e como se encaram as necessidades de mobilidade. Para além de um desafio tecnológico, este será também um desafio social, que em muito dependerá do apoio e adesão de toda a sociedade – num percurso baseado em fontes renováveis, na melhoria do consumo de energia e na adoção de práticas mais sustentáveis e sobretudo, com a consciencialização da necessidade de prosseguir com este caminho.
PONTOS FORTES:
• Reforço da aposta nas energias renováveis
Foi dado, recentemente, parecer favorável à localização de mais um novo parque eólico no nosso concelho, próximo de Albergaria dos Doze, sendo este, o 6º projeto de investimento privado na produção de energia elétrica com recursos a fontes de energia renováveis.
Já no passado mês de Junho, tinha sido emitido parecer favorável à localização de dois novos Parques Solares Fotovoltaicos, a instalar nas freguesias de Carriço e Louriçal.
O parecer para este novo Parque Eólico junta-se ao parecer favorável à instalação de um parque eólico na zona de Abiul, Vila Cã e União das Freguesias de Santiago e São Simão de Litém e Albergaria dos Doze, aprovado em fevereiro último.
Estes investimentos têm um efeito muito positivo na sustentabilidade energética e ambiental, mas também na criação de emprego no concelho, contribuindo fortemente para um progresso da economia numa lógica de desenvolvimento sustentável, em que os recursos naturais são preservados.
OPORTUNIDADES:
• Promoção de cidades mais inteligentes e sustentáveis
O contexto atual provocado pela COVID-19, deu-nos a oportunidade de percepcionar melhor a necessidade urgente de repensar o modo como as cidades são projetadas – não só como torná-las mais bem equipadas para impedir a propagação de doenças, mas também como adaptá-las aos novos hábitos de vida dos cidadãos.
A utilização da inovação tecnológica ao serviço da sociedade será crucial para dar resposta a alguns dos grandes desafios globais: aumento da população, poluição, escassez de recursos, gestão da água ou eficiência energética.
Através destas conseguiremos obter gestões muito mais eficazes em áreas tão específicas, como a mobilidade, a saúde e a educação, entre muitas outras, melhorando os serviços e a experiência nas cidades e garantindo um maior bem-estar das populações.
PONTOS FRACOS:
• Redução dos incentivos à aquisição de veículos elétricos
A redução dos incentivos à aquisição de veículos elétricos, bem como a introdução do pagamento, em vigor a partir de hoje, nos postos de carregamento normal (PCN) de acesso público, introduz um sinal contrário à evolução necessária.
A continuidade dos níveis de apoio concedidos permitiria uma mais acelerada democratização do veículo elétrico, praticamente indispensável para uma profunda mudança no sector dos transportes. A manutenção do apoio a um valor mais baixo inutiliza, na prática, o seu valor como alavanca na comercialização dos veículos elétricos.
AMEAÇAS:
• Escassez de infraestruturas verdes
Nas últimas décadas, o investimento nas cidades e no território foi essencialmente marcado pela superação de significativos défices infraestruturais a diversas escalas, tendo sido por isso, fortemente privilegiado o investimento em infraestruturas.
Este padrão gerou inúmeros problemas de sustentabilidade e eficiência e constitui agora um dos principais desafios para as políticas urbanas.
Importa aprender a gerir o território de uma forma mais eficiente e integrada, prosseguindo um modelo de desenvolvimento mais sustentável, fomentando a criação e qualificação dos espaços exteriores urbanos, nomeadamente, zonas verdes, como jardins e parques, que consigam cumprir a sua função, enquanto áreas livres de recreio, lazer, socialibilidade, cultura e desporto.
A escassez destas “infraestruturas verdes” constitui uma ameaça para aquele que deve ser o equilíbrio do meio urbano e a qualidade de vidas das populações.
Nicolle Lourenço
Engª Eletrotécnica | Deputada Municipal PSD
nicolle_lo@hotmail.com