O CONCELHO EM ANÁLISE | Balanço de seis meses de pandemia

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Seis meses após o primeiro caso COVID-19, a vida como a conhecíamos mudou. O distanciamento social e as máscaras faciais fazem agora parte do nosso dia-a-dia. Vivemos o primeiro estado de emergência em democracia e a incerteza foi uma constante. A mudança não controlável trazida por esta crise, obrigou-nos a sair da nossa zona de conforto. E para além de todos os desafios e dificuldades, esta pandemia ofereceu-nos também uma oportunidade de reavaliarmos e reinventarmos o nosso futuro coletivo.

 

PONTOS FORTES:
A valorização da investigação e da ciência

O papel que a ciência assumiu no contexto da pandemia veio expôr a importância de valorizar e investir nesta área.
De um momento para o outro, houve a necessidade de encetar esforços na procura de uma solução rápida para combater a COVID-19, e muito rapidamente, surgiram vários avanços tecnológicos que perdurarão num mundo “pós-covid”.
O contexto atual foi, sem dúvida, impulsionador na criação de sinergias entre as universidades e a indústria – um fator decisivo para alcançar e sustentar a competitividade das empresas nos vários sectores, tão essencial para ajudar a enfrentar a crise económica global que se avizinha e que, num contexto normal, não teria tido uma evolução tão rápida como a que teve.

 

OPORTUNIDADES:
Aceleração na inovação

O termo inovação é desde há muito tempo frequentemente utilizado. A verdade, no entanto, é que ele ainda não era uma realidade para diversas empresas.
Com a crise, aquilo que seria normalmente um processo mais lento – avaliar o que seria preciso mudar, a procura de alternativas, e a implementação, de forma paliativa, das alterações de processos, entrou em aceleração por causa da pandemia. Inovar virou uma questão de sobrevivência, para vários setores que corriam o risco de desaparecer, caso não o fizessem e portanto, no meio do caos que se instalou, gerou-se também esta oportunidade dos negócios se reinventarem.
Creio que poderemos olhar para o futuro com a certeza de que o nosso tecido empresarial soube reinventar-se e se tornou melhor e mais robusto.

 

PONTOS FRACOS:
Má gestão política da pandemia

Num tempo em que se deveria de poder confiar nas medidas tomadas pelas autoridades de saúde e pelo governo é, ao invés disso, aquele emque se pediu aos portugueses que restringissem drasticamente a sua liberdade em prol da saúde pública, mas no qual se permite a realização de festas com 16 mil pessoas, ao mesmo tempo que se perseguem aglomerações na rua com mais de 20.
Em que num dia nos dizem para não usarmos máscaras pela falsa sensação de segurança que nos dá e no dia seguinte, o seu uso é obrigatório. Em que publicamente se vangloriaram os médicos e em off the record, os chamaram de “cobardes”.
O excesso e a contradição da informação veiculada e a incoerência no estabelecimento dos critérios na gestão desta crise foram uma constante desde o seu ínicio, tendo gerado um sentimento de insegurança nos portugueses que poderia facilmente ter sido minimizado.

AMEAÇAS:
Incertezas no regresso à escola

Há seis meses, assistimos ao encerramento das escolas. Estamos agora a duas semanas da sua reabertura e no entanto, são várias as entidades que se têm manifestado preocupadas com este regresso.
Muitos garantem não ter sido ainda possível assegurar todas as condições para que em cada estabelecimento haja as condições essenciais de saúde e segurança e para que estes, consigam responder agilmente às necessidades que venham a ser identificadas, tanto em termos de recursos humanos, como em termos materiais. As medidas e os meios tardam em chegar e não são claros, o suficiente.
As falhas no planeamento deste regresso podem ter efeitos nefastos, face a uma eventual segunda vaga da doença.

Nicolle Lourenço
Engª Eletrotécnica | Deputada Municipal PSD
nicolle_lo@hotmail.com