O CONCELHO EM ANÁLISE | Balanço do ano e Perspectivas para 2020

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Como é habitual, no fim do ano faz-se o balanço, o melhor e o pior do ano e as perspectivas para o ano que agora se inicia. O tema mais falado em 2019 foi o ambiente. No entanto, foi um ano marcante em diversos campos, nomeadamente no político. Estamos a viver um período de transição entre tempos difíceis e desafios duros e esperançosos. Porque sabemos que o mundo está a mudar depressa sem que sintamos no país esse estado, de urgência e ânimo, para antecipar e preparar com clareza o que se vai passar. Em vista disso, projeta-se para 2020 uma classe política mais alinhada, pressionada e igualmente preocupada com a voz das ruas. Façamos com que 2020 seja melhor que 2019!

 

PONTOS FORTES:
Maior sensibilização para as causas ambientais 
O melhor do ano fica reservado à atitude notável das novas gerações na luta coletiva pela tomada de medidas concretas e à acrescida sensibilização da sociedade para a preservação do futuro do planeta. O tema ocupa dezenas de páginas nos vários programas eleitorais, e é dentro desta preocupação que surgem agora as linhas mestras de áreas tão relevantes como a energia, os transportes, as florestas ou a agricultura. Na realidade, a defesa do ambiente é – tem de ser – um desígnio nacional, aliás, multinacional e os partidos de centro-direita têm de ter a coragem e a inteligência de o assumir. Ambiente, o tema do ano.

OPORTUNIDADES:
• Regeneração da ‘direita’
Nunca como agora foi tão tão necessário e urgente encontrar um rumo para a direita. O PS vai continuar no poder durante mais quatro anos, enquanto o PSD e o CDS passarão um longo inverno na oposição – uma verdadeira oportunidade para reconstruir o centro-direita. Numa época em que se discutem as lideranças destes dois partidos, é o tempo de construir um projeto político sólido e que constitua uma verdadeira alternativa ao socialismo. São os actuais e potenciais futuros rostos da direita nacional, que terão pela frente a árdua tarefa de refundar uma direita que definha eleitoralmente a olhos vistos.
Os próximos quatro anos serão importantes para percebemos qual o nosso futuro e também qual o futuro da governação de Portugal.

PONTOS FRACOS:
Descentralização de competências para as autarquias locais
A descentralização é fundamental para a aproximação das decisões aos cidadãos, a promoção da coesão territorial, o reforço da solidariedade inter-regional, a melhoria da qualidade dos serviços prestados às populações e a racionalização dos recursos disponíveis. Contudo, estamos novamente a verificar um novo período de inércia e de incapacidade de concretização. O Governo não conseguiu criar as condições para que as autarquias se pronunciassem e não clarificou os montantes financeiros que as suportam.
Não se vislumbra a extinção de qualquer serviço ou organismo do Estado. Pelo contrário, é criada uma nova comissão de acompanhamento. O Estado apenas quis encontrar quem faça os serviços de “faxineiro”. Isto não é descentralização; é contratar um prestador de serviços. Descentralização? Uma oportunidade perdida.

AMEAÇAS:
Abrandamento da economia
A economia portuguesa vai perder gás nos próximos anos antecipou a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Economico (OCDE), juntando-se assim às vozes das principais organizações nacionais e internacionais, que, em menor ou maior grau, projetam um abrandamento da economia nacional em 2020. A única voz dissonante é a do Governo.

Os números apontam para uma larga maioria do país “pendurada” no Estado – e, ao mesmo tempo, uma população progressivamente envelhecida. O pior acontecerá quando houver alguma crise europeia ou mundial que venha afetar o periclitante equilíbrio das contas e da economia portuguesa. Por outro lado, não acredito que esta previsão vá preocupar os portugueses ou o eleitorado, enquanto for possível ir redistribuindo as poucas migalhas que a economia, apesar de asfixiada, ainda vai conseguindo gerar.

Nicolle Lourenço
Engª Eletrotécnica | Deputada Municipal PSD
nicolle_lo@hotmail.com