Desceu o pano sobre mais um processo eleitoral. Desta feita, as eleições europeias. Os vencedores foram, mais uma vez, os que se “estão nas tintas” para as eleições. E desta vez esmeraram-se. Talvez tenha chegado a altura de reflectir se quem se abstém de exercer uma obrigação tão importante deverá continuar a ter os mesmos direitos que os cumpridores. Mas não percamos mais tempo com os levianos e preguiçosos. De entre as forças políticas inscritas no boletim de voto, houve (claro está) vencedores e vencidos. Houve até um facto deveras invulgar: a CDU assumiu uma derrota eleitoral (NOTÁVEL!!!). Mais esperados foram os resultados das forças de extrema-direita: quase tão ridículos como os seus líderes.
De entre os derrotados, também merecem referência o PSD, o CDS e o Marinho e Pinto. Não nomeio o Aliança como derrotado por entender que o seu líder, Santana Lopes, se revelou um visionário. Parece óbvio que o PSD não é apenas um partido político: são vários. Quem se lembra do PSD de Passos Coelho e ouve o discurso de Rui Rio, percebe que um partido, mesmo que tenha uma vasta amplitude ideológica, não alberga ideias tão inconciliáveis. Santana antecipou-se: trocou o laranja pelo “azul cueca” e fundou um novo partido. Se a homilia “rioista” tiver chegado ao PSD para ficar, a ala “passista” terá de encontrar outro espaço (partido) para se exprimir. Se assim for, será inteligível que escolham como pigmento dominante o “amarelo fome”.
O CDS admitiu a derrota e culpou a abstenção. Esqueceu-se, todavia, dos efeitos do seu “tiro certeiro” na questão da reposição do tempo de serviço dos professores, dos galanteios de Nuno Melo ao VOX e do seu percurso de acérrima oposição a quase tudo o que defendeu enquanto parte integrante do governo de Passos Coelho. Assunção Cristas também não ajudou à festa. Colocou a fasquia demasiado alta. Ao presenciar os “engasgos” do PSD, Cristas quis assumir o papel de interlocutora principal do eleitorado conservador. Chegou mesmo a dizer que se imaginava Primeira-ministra. O Hospital Júlio de Matos possui nas suas instalações uma sala para estes casos (mesmo ao lado da zona reservada para os que se julgam Napoleão Bonaparte).
E Marinho e Pinto… Desculpem, esqueci-me de quem é Marinho e Pinto.
Quanto aos vencedores temos o PS, o BE e o PAN. O PS para atestar o “peso” político e eleitoral de António Costa, indicou um cabeça-de-lista com a eloquência e o magnetismo do Calimero (sempre a fazer “beicinho”). Quando lhe apeteceu, Costa irrompeu pela campanha como uma rockstar e fez disparar as sondagens. A (muito previsível) vitória eleitoral concretizou-se. É O MAIOR!!!
Outro vencedor incontestável foi o BE. Marisa Matias procurou fazer uma campanha construtiva e positiva. Tão construtiva e tão positiva que nos esquecemos de que o BE é um partido eurocéptico. Ainda me lembro da ideia peregrina (mas muito aplaudida) de Fernando Rosas na Convenção do BE em 2016, quando propôs referendar a permanência de Portugal na EU. Digamos que será como alguém ser contra as touradas mas desejar ornamentar as bandarilhas.
Por falar em touradas, o PAN foi a grande surpresa da noite eleitoral. Já tinha dado nas vistas ao longo do seu mandato na Assembleia da República por se abster em relação a quase tudo. No entanto, soube perceber que, além da defesa da libertação animal, deveria “ecologizar” o seu discurso. Sabemos que o sentido da existência da EU foi, na sua génese, a criação de um perímetro de paz no coração da Europa, tão fustigada por guerras sucessivas. Esta salvaguarda já está um pouco esquecida e a construção de um discurso em uníssono contra as alterações climáticas, poderá representar, no futuro, o elemento aglutinador da EU e de afirmação no mundo. Caberá à Europa “inventar” uma economia não delapidadora do suporte da vida. ESPERTOS!!!
No entanto, esta vestimenta de green radicals pode dificultar muito a estadia em Bruxelas do eurodeputado do PAN, Francisco Guerreiro. Desde logo, como é que irá lá chegar. De avião não será uma opção pelo seu enorme potencial poluidor. Ir de carro eléctrico também não será uma escolha a considerar: sabemos o forte impacte ambiental do fabrico das baterias. Com certeza que Francisco preferirá a bicicleta: Dá saúde e é amiga do ambiente. E também de Lisboa para Bruxelas é um “pulinho”. Só custam os primeiros 2.000 Km.
Outro aspecto que não facilitará muito a vida ao nobre Guerreiro em Bruxelas tem a ver com o seu amor incondicional por tudo quanto é bicho. Confessou numa entrevista ao Expresso que tem em casa 3 amiguinhos de pêlo: 2 gatos e 1 coelho. Com certeza que os levará com ele. Como não acredito que os tenha capado, Francisco saberá que não só de cobertores e de ração vivem os bichinhos. Profetizo que organizará visitas íntimas de algumas gatas e coelhas mais galdérias. Como os gatos e os coelhos são bichos muito apreciadores de chavascal, é natural que, no final do mandato, o desgraçado já habite com 140 gatos e 12.245 coelhos. Além de ter de alugar uma casa enorme (lá se vai o ordenado de deputado europeu!), terá passar dia e noite a limpar cocó. O seu único consolo é que não estranhará a alimentação. Como é vegan e como em Bruxelas só se comem batatas fritas, pelo menos andará de bandulho cheio.
AHHH!!!!! Já me esquecia! Na cidade de Pombal ganhou o PS. Será que sopram ventos de mudança ou será a consequência de terem circulado em Pombal muito menos carrinhas de 9 lugares do que é hábito nos dias das eleições???
*O autor deste artigo acha que o novo acordo ortográfico é uma desgraça.