Sensibilizar a população para a importância dos morcegos – económica, ecológica e até tecnológica – é um dos objectivos do Grupo Protecção Sicó (GPS) ao realizar, no próximo dia 29, e pela nona vez, a Noite dos Morcegos de Pombal.
ORLANDO CARDOSO (texto)
Uma iniciativa a ter lugar no Vale do Poio Novo, na freguesia de Redinha, e que pretende, também, comemorar a Noite Internacional dos Morcegos.
Naquele passeio pedestre, com início às 19 horas, estarão presentes “especialistas na identificação acústica de morcegos, munidos de equipamentos que permitem a sua audição e identificação enquanto voam”, refere aquela Organização Não-Governamental do Ambiente, sedeada em Pombal.
Pedro Alves, dirigente do GPS, refere que aquela iniciativa é um dos aspectos que deverão ser tidos em conta com vista à conservação dos morcegos, a par de uma protecção dos “abrigos mais importantes, e nos casos em que for necessário e possível, a construção de abrigos alternativos.”
“Proteger as áreas de alimentação mais importantes para os morcegos”, através da promoção de práticas de exploração florestal “amigas dos morcegos”, recuperação da vegetação natural nas margens dos cursos de água, e a criação de corredores ecológicos a ligar os abrigos às áreas de alimentação, são outras das medidas apontadas por aquele especialista, que defende, ainda, a manutenção de uma “rede de monitorização regular das populações para avaliar a sua situação população” para determinar “eventuais situações de declínio”.
Com base num relatório do Instituto da Conservação da Natureza e da Floresta, Pedro Alves refere que no Sítio Sicó-Alvaiázere “são conhecidos dezenas de abrigos de morcegos, maioritariamente em cavidades naturais, estando cinco deles classificados como Abrigos de Importância Nacional: Alvaiázere, Condeixa-a-Nova, Pombal I, Pombal II e Tomar I.
“Existem seguramente muitas mais colónias em casas, mesmo que habitadas, cavidades de árvores, principalmente em florestas bem desenvolvidas de carvalhos ou mesmo pinheiros e eucaliptos de idade avanças, e fendas de escarpas rochosas, mas estas são de detecção muito mais difícil e por isso mesmo, pouco conhecidas”, afirma Pedro Alves.
Quanto às espécies existentes no Sítio Sicó-Alvaiázere, o ambientalista considera que “são conhecidas 19 das 25 espécies que ocorrem em Portugal continental”. Três estão classificadas como “criticamente em perigo”, cinco como “vulnerável” e seis como “informação insuficiente”. As restantes estão classificadas como “pouco preocupantes”.
No que diz respeito às ameaças, Pedro Alves aponta várias hipóteses, desde já a “destruição e perturbação de abrigos, algo particularmente preocupante nos períodos de hibernação e de maternidade” assim como o “uso de pesticidas” que provoca a morte por envenenamento, através do consumo de insectos contaminados.
A “destruição das zonas de alimentação, através da alteração do uso do solo para construção humana ou para terrenos agrícolas”, ”a morte por colisão em parques eólicos, essencialmente para as espécies que voam mais alto” e “a morte por atropelamento, para as espécies que voam mais próximo do solo”, são outras das ameaças para os morcegos, frisa o ambientalista.
Notícia publicada na edição nº63, de 20 de Agosto