OPINIÃO | A alimentação e o Covid 19

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O Coronavírus (COVID-19) é o tema do momento de todos os portugueses, da sociedade, do mundo e a pensar que temos de estar novamente confinados devido à evolução da pandemia. Neste momento, apesar das dificuldades e dos desafios que todos atravessamos, estamos melhor preparados do que há uns meses a esta parte. Houve aprendizagens e melhorias que foram realizadas, uma das quais foi a melhoria da qualidade da alimentação de algumas famílias confinadas (aumento do consumo de fruta, legumes, sopa, peixe), de acordo com os últimos estudos realizados.

A preocupação das famílias com alimentação saudável, nesta fase de confinamento ganha especial importância, devido ao seu impacto na saúde, bem-estar e na parte imunológica, e daí ter aumentado a procura de informação sobre alimentação, bem como o tempo para preparar refeições.

Também se sabe, que actualmente existe muita contra informação, e gostaria de clarificar que nenhum alimento tem potencial de curar esta doença, pelo que qualquer informação que seja divulgada nesse sentido é claramente falsa. No entanto, não quer dizer que a alimentação não é importante, ela pode afetar o nosso sistema imunitário (as nossas defesas).

A alimentação ajuda a tornar-nos imunocompetentes, ou seja, dito de uma forma simples, se nos alimentarmos de uma forma correta, com uma alimentação variada e equilibrada que nos forneça todos os nutrientes que o organismo necessita, conseguimos melhorar o funcionamento das nossas defesas, dentro das capacidades individuais de cada um. E isto é particularmente importante no contexto atual, pois o COVID-19 é um vírus que pode ser destruído pelo nosso sistema imunitário.

Actualmente sabe-se que são vários nutrientes que têm um papel decisivo no funcionamento do sistema imunitário. Destacaria três vitaminas A (ex: fígado, ovos, tomate, cenoura, agrião, abóbora, couve, batata doce), C (ex: kiwi, laranja, salsa, grelos, couve, agrião, morangos) e D (ex: óleo de fígado de bacalhau, peixes gordos, solha, ovos, cereais fortificados em vit.D) . Estas três vitaminas são fundamentais não apenas para proteger as nossas células de agressões externas, mas também no funcionamento dos glóbulos brancos. Ao nível dos minerais, destaco o zinco (ex: carnes vermelhas, marisco, leguminosas, frutos secos, linhaça, lacticínios) e o selénio (ex: peixe, lacticínios, ovos) que, juntamente com as vitaminas referidas anteriormente, são indispensáveis para a ação eficaz dos glóbulos brancos.

Por fim, refiro a gordura ómega 3 (ex: sardinha, cavala, atum, salmão, arenque) que parece ter um papel muito importante na resposta inflamatória.

De acordo com alguns estudos realizados no período anterior de confinamento, verificou-se que em crianças confinadas com excesso de peso ou obesidade, aumentaram de peso, o mesmo se verificou em adultos. Por isso, tente manter o peso da família, em caso de excesso de peso ou obesidade, é aconselhável reduzir alguns quilos, de modo lento e natural.

A obesidade aumenta o risco de morte por Covid-19 em 48%, de acordo com um estudo recente publicado Obesity Reviews. Outra conclusão deste estudo, é que quanto maior é o Índice de Massa Corporal tanto maiores poderão ser as complicações da infeção pelo novo coronavírus.

Devido ao excesso de gordura, a pessoa obesa, apresenta lipoinflamação, sendo responsável pelo desequilíbrio da resposta do sistema imunológico, estando directamente com uma imunidade mais baixa.

Concluindo, é claro que a alimentação pode ter impacto directo no funcionamento das nossas defesas, sendo este mais um argumento a valorizar. Variar na alimentação, ter cuidado em fazer boas escolhas alimentares é claramente decisivo para evitar que o sistema imunitário não fique fragilizado, e deste modo nos preparamos da melhor forma para combater o coronavírus. Também de acordo com a ciência, parecem existir evidências que a prática de exercício físico, a qualidade do sono, a hidratação equilibrada, uma boa higiene oral, rir e a diminuição do stress, também contribuem de forma muito importante para o correto funcionamento do sistema imunitário.

Para que tudo isto seja possível, é muito importante criar “novas” rotinas (de trabalho, educação com os filhos, alimentação saudável, exercício físico, diversão, lazer, etc).

Proteja-se e fique em segurança!

Até breve!

António Cordeiro
Nutricionista
CP 0728N
anto_cordeiro@sapo.pt