Revi a reunião do executivo da câmara municipal de Pombal em que 2 vereadores do PSD votaram ao lado da oposição, que se juntou para retirar ao Presidente os pelouros que no início do mandato o órgão Câmara Municipal tinha delegado no Presidente.
Hoje estou muitas coisas, a começar por estupefacto com o que acabei de testemunhar. Um presidente que desrespeita os seus vereadores e os da oposição, que quando se vê atacado vai buscar o ponto mais fraco dos adversários não é um presidente que queira construir pontes. É um presidente que não está habituado a ter que criar consensos e que não se encontra preparado para governar em minoria. Em minoria só pessoas de consenso conseguem governar.
Nem me vou referir à intenção de retirar ao presidente as competências do órgão Câmara porque isso, embora seja uma medida extrema, é legal e quem perde uma maioria sólida como Diogo Mateus fez e da forma que fez, coloca-se a jeito para governar em minoria e com poucos poderes.
Hoje estou também preocupado porque o Vereador Brilhante afirmou peremptoriamente que o Presidente da Câmara Municipal “mete dinheiro ao bolso” assinando as próprias ajudas de custo das deslocações. A ser verdade, queremos em Pombal um Presidente que comete tal crime? A ser mentira, queremos no poder um partido como o PSD Pombal que escolhe vereadores que cometem o crime de difamação contra o presidente de câmara? Seja a afirmação verdade ou mentira há sempre aqui um crime que importa investigar.
Estou triste pela autêntica baixaria a que se chegou em reuniões de camara e que não dignifica os Pombalenses. Uma coisa é ser combativo, outra é ser baixo. Mesmo admitindo que perante a forma mesquinha como os trabalhos são conduzidos seja difícil manter a calma, os vereadores não podem perder a cabeça e foi isso que pareceu acontecer especialmente aos vereadores do PSD que ficaram sem pelouros.
Ana Gonçalves estava revoltada quase ao ponto do descontrolo e Pedro Brilhante por muito transtornado que estivesse não pode dizer em público que o presidente da câmara anda “há muitos anos a mamar do erário público”, mesmo que isso seja o que pensa e eventualmente possa até ser verdade. Um vereador é um representante do povo e, por muito desrespeito de que tenha sido alvo, não pode ser o zé da tasca.
A vereadora Odete Alves do PS manteve o seu registo, apresentou as suas objeções de forma ordeira e ausentou-se da reunião quando o desrespeito do presidente pelos vereador Michael António atingia níveis inaceitáveis. Curiosamente, o vereador Michael ficou na reunião quando poderia ter saído e retirado o quórum à reunião.
Depois da saída de Odete Alves, Narciso Mota parecia ser a voz da razão e um executivo autárquico em que Narciso Mota é a voz da razão é, no mínimo, uma piada de mau gosto.
Este é um executivo camarário que, pelas posições extremadas que atingidas por vereadores e presidente, não está em condições de liderar os destinos do concelho de Pombal como todos pretendemos. Mais vale fazer reset com eleições antecipadas que, de preferência, nos tragam novos personagens, capazes de criar pontes e de nos inspirar confiança de que conseguirão gerir a Câmara Municipal tendo apenas o interesse de Pombal em mente.
Raul Testa
Jurista