Os Medos

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Rodrigues Marques

Andamos carregados de medos.
O povo, por ser sábio, diz que são pragas.
Não temos tanta certeza disso.
Somos povo, mas não somos sábios.
Temos medo dos medos do Papa Francisco quando pede à Igreja que “vença os medos diante das surpresas de Deus”.
Temos medo dos fabricantes de leis.
Temos medo da teia de aranha legislativa tecida pelas aranhas que estrangulam o nosso pobre País.
Temos medo que o nosso Primeiro Ministro ande a ser enganado pelo sábios do regime.
Temos medo dos Orçamentos de Estado, mais por aparecerem na época das castanhas do que por outra coisita qualquer.
É que as castanhas, se não forem caladas, podem rebentar-nos nas mãos.
Temos medo de ficarmos sem bombeiros, já que é notícia que 5.000 Bombeiros tiveram que emigrar em busca de melhores condições de vida.
Temos medo dos vendilhões do templo que num dia vendem-nos o céu, no outro a lua e no terceiro o éter, sem terem nada para vender.
Temos medo da economia canibal que por aí grassa.
Temos medo de perder a nossa zona de conforto.
Carregamos demasiados medos.
Frei Bento Domingues, leitura obrigatória no Público, aos Domingos, no último Domingo escrevia que “Não podemos deixar este Papa sozinho e comportarmo-nos apenas como espectadores benévolos e simpatizantes das suas atitudes”.
E cita S. Paulo: “O amor não faz mal ao próximo. Assim, é no amor que está o pleno cumprimento da lei”.
Remata, escrevendo, “Creio que o Papa Francisco acredita nisto”.
Estamos a falar das leis divinas.
A lei terrena, na nossa modesta opinião, não depende somente do seu pleno cumprimento, depende e muito, dos fabricantes de leis, muitos aprendizes de feiticeiros, que deveriam saber ler, mas que demonstram que só sabem escrever e sem qualquer pitada de amor divino.
São uma espécie de autómatos que fabricam leis para aplicar a pessoas e sem cuidar de saber da sua eficiência e eficácia, ou quiçá, mesmo, deixando o intangível a livre arbítrio de outrem, actuando pelo medo e não pela razão.
Por outro lado está criada uma teia legislativa, tecida por muitas aranhas e ao longo de muitos anos, com base legal e com base menos legal, que nos cria mais medos.
E vem, agora, o Primeiro Ministro vender-nos ainda mais medos, enganado pelo sábios do regime.
Convenceram-no que ele está a marchar com o passo certo e que todos os outros é que estão com o passo trocado.
Faz-nos lembrar aquela mãe extremosa que rejubila de orgulho quando assiste ao desfile militar e constata que o seu filho querido é o único que marcha com o passo certo.
Reconhecemos que a proposta de Orçamento de Estado para 2015 marcha com o passo certo.
Mas como é o único a marchar não há termo de comparação e o que marchou em 2014 marchou com o passo trocado, como é público e notório pelos índices económicos, financeiros e sociais, tangíveis e intangíveis, mesmo aqueles que são facilmente manipuláveis pelos sábios e pelos menos sábios.
Quem, todos os dias, marcha daqui para fora são os nossos quadros e técnicos qualificados, Bombeiros e não Bombeiros, Mulheres e Homens, Famílias inteiras, que vão criar riqueza para outros países e sem que os nossos sábios se apercebam da sua saída.
Pobre país o nosso que tais sábios tem.
Demos connosco a pensar que pensávamos que a nossa zona de conforto, conquistada com tanto choro, suor e lágrimas, era uma realidade real, tal e qual o regaço da nossa mãe.
Afinal a realidade era virtual, vendida pelos vendilhões do templo à custa do nosso trabalho e dos nossos medos.
Só o Papa Francisco nos pode ajudar a vencer os nossos medos.