O antigo jardim-de-infância de Santiago de Litém encerrou por falta de condições e as crianças foram transferidas para o Pólo Escolar. Esta decisão deixou os pais revoltados, uma vez que entendem que as novas instalações têm “piores condições e menos espaço”. O Município de Pombal esclarece que o antigo jardim infantil precisava de “várias intervenções” orçadas em mais de 100 mil euros e o Pólo Escolar mereceu o “parecer positivo” da Direcção Geral dos Estabelecimentos Escolares.
No início do ano lectivo passado entrou uma educadora nova para o jardim-de-infância de Santiago de Litém, a qual “não ficou agradada com as condições” que encontrou naquele estabelecimento escolar e propôs aos pais “fazer muitas mudanças”, contou ao Pombal Jornal a representante dos encarregados de educação.
“A educadora Fátima dizia que a escola estava abandonada e precisava de muitas intervenções”, razões pelas quais “apresentou queixa à Câmara”, continuou Cristine Alves, salientando que “na altura os pais não viram problema, até porque viam com bons olhos a melhoria das condições”.
O problema foi que “a escola não passou na vistoria por falta de espaços verdes, por não ter aquecimento, pelo facto de ter uma lareira (mesmo não sendo utilizada) e por falta de outras condições”.
“A ideia que nos dão é que a escola está a cair aos pedaços e é um perigo eminente para as nossas crianças, mas dentro do edifício sentimo-nos extremamente seguros”, garante a porta-voz dos pais, salientando que o antigo jardim-de-infância “é uma escola pequena e bem decorada, com parque infantil, areia, árvores e uma hortinha”.
Portanto, “achamos que estão a fazer um drama” e “não conseguimos entender as razões que motivaram o encerramento”, refere Cristine Alves, adiantando que “a única imposição dos pais era fechar a lareira e colocar aquecimento”.
Mas “o mais grave” é que nunca informaram os pais de nada. “O Agrupamento de Escolas só avisou os encarregados de educação no dia 30 de Agosto, ou seja, praticamente na véspera do arranque do ano lectivo”.
PÓLO ESCOLAR É “MUITO MAIS PERIGOSO”
A 12 de Setembro, na reunião que antecedeu o início das aulas, os pais mostraram o seu descontentamento com o encerramento do antigo jardim-de-infância e a transferência das crianças para o Pólo Escolar, que “não está preparado para crianças dos 3 aos 6 anos”.
Afinal, “as crianças não têm espaço nem condições mínimas para estarem no Pólo Escolar”, onde “não têm sala para AAAF [Actividades de Animação e de Apoio à Família], as janelas não estão ao nível das crianças, não há cabides e as malas dos meninos são colocadas no parapeito da janela, não há espaços verdes, não existe lavatório dentro da sala de aula, o recreio é comum ao 1.º ciclo e as casas de banho são para crianças de creche (de 1 aos 3 anos) e estão demasiado longe da sala”.
Portanto, “no meu ponto de vista, a actual sala de aula é muito mais perigosa e não tem espaço suficiente para 21 crianças brincarem à vontade”. Por isso, os pais não aceitam a transferência da turma de pré-escolar para o edifício do Pólo Escolar de Santiago de Litém.
“Em alternativa preferíamos que as nossas crianças fossem transferidas provisoriamente para o Centro Escolar de São Simão de Litém, que tem óptimas condições e uma sala de pré-escolar livre”, adiantou Cristine Alves, que considera esta “situação surreal” e “parece mesmo que o jardim-de-infância de Santiago [de Litém] está a ser abandonado e desprezado”.
Afinal, “os nossos filhos não só não têm condições no Pólo Escolar, como agora também não têm educadora, que está de baixa médica desde sexta-feira [22 de Setembro]”. E “nós pais vamos trabalhar preocupados com as nossas crianças, que ficam sempre a chorar porque não gostam desta escola”.
Neste sentido, aquela mãe assegura que “os pais não vão ficar calados” e garante que “se não formos ouvidos vamos fechar a escola” e “só ainda não o fizemos porque não queremos prejudicar as crianças do 1.º ciclo”.
“Só nos vamos calar com a garantia de que esta é uma situação temporária e se virmos que a Câmara está a trabalhar numa solução permanente”, concluiu.
ANTIGO JARDIM-DE-INFÂNCIA PRECISAVA DE OBRAS DE 100 MIL EUROS
O Município de Pombal esclarece que o numa “visita técnica envolvendo várias entidades, entre as quais a Autoridade de Saúde, verificou-se a existência de um conjunto de parâmetros que condicionavam a permanência das crianças naquele espaço, nomeadamente ao nível do conforto térmico, sistema de aquecimento, segurança e mobilidade”.
Neste sentido, foi necessário encontrar uma solução, sendo que “a decisão de alteração do local de funcionamento do pré-escolar de Santiago de Litém foi articulada com as diferentes entidades, designadamente o Agrupamento de Escolas Gualdim Pais e a União de Freguesias de Santiago e São Simão de Litém e Albergaria dos Doze, após parecer positivo da Direcção Geral de Estabelecimentos Escolares”.
A autarquia explica ainda que para manter em funcionamento as antigas instalações seria necessário realizar “várias intervenções”, que têm “um custo estimado superior a 100 mil euros”.
Essas obras incluem “o conforto e eficiência térmica e energética, renovação das instalações sanitárias, definição de planos de segurança, criação de condições de mobilidade adequadas e criação de condições de segurança na via que serve o estabelecimento escolar”.
A Câmara Municipal adianta que, após uma vistoria técnica, a Direcção Geral dos Estabelecimentos Escolares deu “parecer positivo” ao Pólo Escolar de Santiago de Litém, uma vez que o edifício salvaguarda “os princípios na qualidade fundamental em matéria das actividades para a educação pré-escolar”.
Ainda assim, “procedeu-se às obras de criação de novas instalações sanitárias adequadas à faixa etária”.
Todavia, não está excluída “uma eventual futura ampliação do Pólo Escolar”, a qual “será avaliada em conjunto com as diferentes entidades envolvidas, caso a evolução demográfica do território assim o justifique”.
Carina Gonçalves | Jornalista
*Notícia publicada na edição impressa de 28 de Setembro