Páscoa é sinónimo de descanso, de tempos livres, de mudança de actividade e de férias. Significa falar de doces em forma de ovos e de coelhos de chocolate, de amêndoas, de folares mais ou menos originais, de refeições abastadas, de reuniões familiares e de convívio. Padrinhos e afilhados trocam palavras afectuosas e relembram a importância do dia enquanto trocam os presentes. Mas, afinal, de onde vem a tradição dos folares?
Reza a lenda que, numa aldeia portuguesa, vivia uma jovem chamada Mariana que tinha o desejo de casar cedo. Tanto rezou a Santa Catarina que a sua vontade se realizou e logo lhe surgiram dois pretendentes: um fidalgo rico e um lavrador pobre, ambos jovens e belos.
Mariana, depois de decidir que ia ficar com Amaro, o lavrador pobre e ao estar aterrorizada com a ideia de que o fidalgo poder-se-ia vingar, rezou, novamente, a Santa Catarina e a imagem da Santa sorriu-lhe. Mariana foi pôr flores no altar e, quando chegou a casa, verificou que, em cima da mesa, estava um grande bolo com ovos inteiros, rodeado de flores, as mesmas que Mariana tinha posto no altar.
Correu para casa de Amaro, mas encontrou-o no caminho e este contou-lhe que também tinha recebido um bolo semelhante. Pensando ter sido ideia do fidalgo, dirigiram-se a sua casa para lhe agradecer, mas este também tinha recebido o mesmo tipo de bolo. Mariana ficou convencida de que tudo tinha sido obra de Santa Catarina.
Inicialmente chamado de folore, o bolo foi ficando conhecido como folar e tornou-se numa tradição que celebra a amizade e a reconciliação. Durante as festividades cristãs da Páscoa, o afilhado costuma levar, no Domingo de Ramos, um ramo de violetas à madrinha ou ao padrinho de baptismo e este ou esta, no Domingo de Páscoa, oferece-lhe, como retribuição, um folar.
Ana Isabel Mendes